Cidades

Moradores de cidades dominadas pelo crack narram rotina de medo e tensão

O Correio constatou que o pesadelo do tráfico assombra desde moradores das Asas Sul e Norte até de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Da periferia ao quintal da mais alta Corte de Justiça, a violência assusta Brasília

postado em 12/04/2013 06:09
Flagrante de consumo de crack no Setor Comercial Sul: viciados cada vez mais jovens

Um dia depois de o designer gráfico Isaque Nilton Alves Boschini, 28 anos, ter sido assassinado por reclamar do uso de crack na QE 40 do Guará 2, moradores, comerciantes e funcionários de locais onde domina o tráfico de drogas se sentem acuados. Ontem, o Correio percorreu Plano Piloto, Guará, Taguatinga e Ceilândia e ouviu relatos de pessoas que vivem sob o medo de terem como vizinhos viciados e traficantes. Eles intimidam, ameaçam e praticam roubos para comprar pedras de crack. Reféns da insegurança, os cidadãos trancam as portas, fecham as janelas e não cruzam o olhar com os usuários. Se o fizerem, como ousou Isaque, podem acabar agredidos ou mortos.

Não importa se o dia está claro e se a movimentação de pessoas é grande. No Setor Comercial Sul, o submundo do crack é facilmente visto na Galeria do Ouvidor. O local escuro, sujo e com forte cheiro de urina serve como refúgio para viciados. ;É a todo momento. Eles só param de se drogar quando sobem para conseguir dinheiro e fumar de novo. A gente tem medo de não dar o dinheiro, porque eles sabem onde a gente trabalha e fazem questão de nos deixar com medo;, contou a vendedora de uma das lojas do local.



QE 40, a cracolândia do Guará

Bairro de classe média, o Guará também tem a sua cracolândia. Situada na QE 40, no Setor de Oficinas da cidade, o lugar é um dos mais temidos da cidade. Por ali, usuários de crack inalam pedras à luz do dia. À noite, a situação é pior. Com iluminação precária e estabelecimentos fechados, os traficantes aproveitam para abastecer os viciados. Carcaças de carros servem de esconderijos para as pedras. ;Depois do fim da tarde, ficam uns 10 noiados fumando no trilho do trem. É assustador;, contou um mecânico. Ontem pela manhã, o Correio flagrou um casal inalando crack no local. Sobram dezenas de latinhas queimadas, indício de uso da droga.

O Correio constatou que o pesadelo do tráfico assombra desde moradores das Asas Sul e Norte até de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Da periferia ao quintal da mais alta Corte de Justiça, a violência assusta Brasília

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