Adriana Bernardes
postado em 14/04/2013 08:09
Em apenas 13 dias, as decisões de um ex-lutador de artes marciais, de um desempregado e de um policial militar dilaceraram três famílias brasilienses. Eles mataram inocentes e deixaram seis crianças órfãs, além de duas mulheres e um homem viúvos. Enterrados os mortos, os sobreviventes são condenados a conviver com a dor da perda. Os dias se arrastam, na esperança de ver a justiça dos homens ser feita e na tentativa de reorganizar o núcleo familiar.
É o que buscam fazer os parentes da professora Christiane Mattos, 38 anos, do designer Isaque Nilton Boschini, 27, e do estudante José Chaves Pereira, 27. Confrontados pela violência, os familiares tentam seguir em frente. ;Minha filha, eu, para falar a verdade, não entendi direito o que aconteceu. A ficha não caiu na minha cabeça, sabe?;, diz Maria Pereira, 47 anos, mãe do estudante José Chaves, assassinado por engano por um PM.
Na casa do sargento da Aeronáutica Marcos Mattos, 38 anos, marido da professora Christiane, não é diferente. O vazio deixado pela morte brutal da mulher, assassinada por um ladrão, é enorme. ;Sinto falta dela quando acordo, quando tomo o café da manhã, durante o trabalho. Na hora do almoço, eu penso nela, me lembro do último almoço que tivemos juntos, no dia do crime. Quando vou dormir, fico pensando nela. É assim 24 horas por dia;, relata Marcos. No Guará, Gabriella Araújo, 25, assistiu ao marido ser espancado até a morte. Não tem tido muito tempo para viver o luto. ;Preciso encontrar um outro lugar para viver. Não posso continuar lá;, constata.