Jornal Correio Braziliense

Cidades

Faroeste Caboclo mostrará contrates sociais e a violência da capital

Filme, que faz sua pré-estreia amanhã, entra em circuito nacional apenas em 30 de maio

Brasília vai ganhar as telas de todo o país a partir de 30 de maio, quando entrará em circuito nacional o filme Faroeste caboclo. Mas um grupo de privilegiados vai conferir a obra bem antes. Amanhã, haverá uma pré-estreia do longa-metragem, na capital. O evento ocorrerá no shopping Casa Park, onde as seis salas de cinema vão exibir o filme simultaneamente, a partir das 20h30, para 1,2 mil convidados, incluindo todo o elenco e jornalistas do país inteiro.

Uma das poucas coisas que os produtores adiantam sobre o roteiro é que Faroeste caboclo não mostrará apenas a Brasília dos cartões-postais, dos monumentos. Ambientado no Distrito Federal de 1979, onde e quando Renato Russo escreveu a música homônima, o filme retratará os contrastes sociais, a pobreza, a violência daquela época. Realidade de boa parte da periferia da capital ainda hoje.
Como na música, em Faroeste caboclo, o filme, o gosto pela maconha leva Maria Lúcia a conhecer os inimigos Jeremias e Santo Cristo. Os traficantes se encontram pela primeira vez em um casarão do Lago Sul. Jeremias é marcado pelas roupas de couro e um bigodão ao estilo mexicano, típico dos antigos faroestes americanos.

Para manter esse clima de bangue-bangue, o diretor René Sampaio escolheu as ruas empoeiradas do Jardim ABC para rodar as cenas de Ceilândia do fim dos anos 1970. A comunidade do Entorno recebeu uma cidade cinematográfica e a equipe de Faroeste caboclo por quatro semanas. Em uma rua do bairro pobre, empoeirado e violento da Cidade Ocidental (GO), os produtores ergueram casinhas e bares de madeira.

O Correio listas alguns dos locais de locação de Faroeste caboclo no DF e Entorno e também mostra imagens do filme nesses cenários, tão comum à maioria dos brasilienses, que agora serão conhecidos Brasil afora.

O caminho de Santo Cristo

Ceilândia

Renato Russo escreveu a música em 1979. Na época, Ceilândia era muito diferente de hoje. Tinha muitas ruas de terra e barracos de madeira. Lá, Santo Cristo começou a trabalhar como carpinteiro e fez o famoso duelo final com Jeremias, cena que aparece no pôster oficial do filme. Para representar a Ceilândia do fim dos anos 1970, os produtores montaram uma minicidade cinematográfica no Jardim ABC, periferia da Cidade Ocidental (GO). Na divisa com o DF, o bairro tem muitas carências e é um dos mais violentos do Entorno.

Cult 22 Rock Bar
Na casa noturna do Lago Norte, foi rodada a sequência da festa em que João de Santo Cristo conheceu uma menina linda (Maria Lúcia). Houve show ao vivo, com figurantes dançando, bebendo, fumando. Tudo embalando por muito rock na pista da boate. A casa fechou as portas recentemente.

Lago Paranoá


Há uma cena em que Maria e Lúcia e João de Santo Cristo (na foto, durante as gravações) pulam de um deque, no Lago Paranoá, à noite. Eles brincam, se abraçam e se beijam nas águas do reservatório. O local parece ser tranquilo, limpo. Cenário perfeito para cenas de amor. O local das filmagens fica na orla da Ermida Dom Bosco, um dos pontos preferidos dos banhistas brasilienses.

Parque da Cidade


Em uma sequência do filme, Maria Lúcia e Santo Cristo aparecem em um Fusca, fumando, beijando e cometendo barbaridades ao volante. Coisas típicas de jovens irresponsáveis. As estrepolias são cometidas em meio a um estacionamento totalmente deserto.

Praça dos Três Poderes



Filmaram uma sequência com um grupo de jovens tocando e bebendo em um dos bancos da praça, à noite, com o Palácio do Planalto ao fundo. Quase ermo, o local parece aprazível, ideal para reuniões do tipo, realmente muito comuns àquela época.

Pinheirais do Paranoá


A sequência de uma emboscada da turma do playboy e traficante Jeremias contra o desafeto João de Santo Cristo foi rodada em uma madrugada, nos pinheirais do Paranoá. Nessa, Santo Cristo acaba salvo por Pablo, ;o peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá;. Policiais civis de verdade participaram das filmagens como figurantes.

Rodoviária

;Chegando na rodoviária viu as luzes de Natal/Meu Deus, mas que cidade linda.; Os enfeites na Esplanada dos Ministérios, que encantaram o personagem João de Santo Cristo na canção-hino da Legião, são instalados a cada Natal. Ele desembarcou em Brasília pela Rodoviária do Plano Piloto.

Rockonha







O filme reproduz a festa organizada por ;Jeremias, maconheiro sem-vergonha;. Houve a tal festa embalada por rock e maconha, famosa por meio da canção-hino. O convite foi feito em papel de seda (foto ao lado). E muita gente ;dançou;, como Renato, e os irmãos Flávio e Fê Lemos (Capital Inicial), presos por uma noite em um quartel. O local da farra, um sítio, está quase como há 30 anos e fica perto de Sobradinho. Lá, mora um dos organizadores da Rockonha, que na época tinha 19 anos.

Passagens subterrâneas
Há um sequência em que João de Santo Cristo é perseguido pelo policial Marco Aurélio e seu bando em passagens subterrâneas do Eixão. Personagem criado para o filme, vivido por Antonio Calloni, Marco Aurélio trata-se do líder de um grupo de policiais corruptos que dão proteção ao traficante Jeremias.

Apartamento do senador Ney


O personagem, pai de Maria Lúcia, que não está na canção-título, é interpretado pelo global Marcos Paulo, que morreu em novembro último. Ela rejeita a relação da filha com Santo Cristo. O imóvel da família da ficção fica na 111 Sul e foi alugado pela produção do filme, que alterou todo o interior, com móveis de época. A fachada do prédio, no entanto, pouco mudou desde os anos 1970.