Terminou por volta das 17h desta terça-feira (14/5) o interrogatório do ex-porteiro Leonardo Campos Alves, acusado de matar três pessoas na 113 Sul, em agosto de 2009. Em um depoimento muito contraditório, Alves insinuou que Adriana Villela, filha do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, José Guilherme Villela, e de Maria Carvalho Mendes Villela, mandou matar os pais. No dia do crime, também foi morta a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva.
O porteiro contou que foi torturado para confessar o crime pelos policiais da 8; Delegacia de Polícia (SIA), então chefiados pela delegada Deborah Menezes. Na confissão, Alves disse que teria matado o ex-ministro depois de ser destratado, ao procurar Villela para pedir emprego.
No depoimento de hoje, ele disse que não procurou o ex-ministro e que não veio a Brasília. "O doutor Guilherme era uma pessoa muito boa e sempre me tratou respeitosamente. Jamais o procurei no seu trabalho ou nas proximidades do escritório", disse durante o interrogatório.
As contradições durante o depoimento chamaram atenção dos advogados de Adriana. Quando foi questionado sobre como sabia de detalhes de dentro do apartamento, a disposição dos corpos e o local exato onde Maria Villela recebeu as facadas, ele respondeu: "foi tudo coisa da minha mente".
[SAIBAMAIS]O porteiro contou que a filha dos Villela, em certa ocasião, destruiu o apartamento dos pais por não ter gostado da decoração. Ele alegou também que a família tinha problemas. "Chegou a derrubar uma geladeira. Soube que não foi uma e nem foram duas desavenças dela com os pais. Conheço a Adriana de vista e dizia só bom dia e boa tarde. Se eu fosse falar algo da Adriana, diria sim que ela tem envolvimento no crime como mandante", afirmou o porteiro ao ser questionado pelo juiz Fabio Esteves. O depoimento de Alves ocorreu depois que o defensor Carlos André Bindá Praxedes disse que Adriana apontou o porteiro como autor do crime. Ele comparou o crime dos Villela com outros de grande repercussão, como o de Suzane Richtoffen, que cumpre pena em São Paulo pela morte dos pais.
O juiz tem até segunda-feira (20/5) para tomar uma decisão. O caso pode ser levado para júri popular, algum dos réus pode ser absolvido, ou podem ser acusados por crimes diferentes. Essa foi a 12; audiência, o que totaliza 120 horas de interrogatórios e 60 volumes de processo.
Entenda o caso
O triplo homicídio ocorreu no apartamento do ex-ministro do TSE. As três vítimas foram assassinadas com 73 facadas. Os autos do processo foram distribuídos ao cartório no dia 1; de outubro de 2009. Em outubro de 2010, o juiz do Tribunal do Júri de Brasília acatou a denúncia do Ministério Público, na qual quatro réus foram denunciados: Adriana Villela, filha do casal e acusada de ser a mandante do crime; Leonardo Alves, ex-porteiro do bloco onde ocorreu o triplo assassinato; Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo; e Francisco Mairlon Barros Aguiar, suposto comparsa de Leonardo e Paulo.
Com informações de Mara Puljz