Cidades

"Me incomodaria ver a militância do PT contra mim", diz Cristovam Buarque

O senador falou à coluna Eixo Capital, publicada no Correio Braziliense

Helena Mader, Ana Maria Campos
postado em 27/05/2013 14:52
Quais são seus planos para 2014?
Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) - Estou trabalhando com muito afinco para que Reguffe seja candidato ao Governo do DF.

O senador falou à coluna Eixo Capital, publicada no Correio Braziliense
O senhor é incentivado a ser candidato ao governo?
Fui procurado, sim. Sei que tenho responsabilidade com essa cidade, mas Reguffe representa uma geração nova. Se eu sair do Senado, ninguém vai carregar a minha bandeira nacional em defesa da educação como principal motor do progresso. Com Reguffe no governo, posso continuar o trabalho da luta pela federalização da educação.

O PDT lançaria seu nome para a Presidência?
Não acredito que o PDT queira ter candidato, apesar da existência de um movimento que defenda isso. Mas já comuniquei que não serei candidato. Em 2006, tive 2,5% dos votos, mas deixei a imagem de um romântico combativo pela educação. Se eu for candidato agora, não passo de 5%. E vou deixar a imagem de um perseguidor da Presidência. Vou matar a imagem que construí.

Acredita que Reguffe quer ser candidato ao GDF?
Ele tem dito que quer, mas acha que não está na hora de tomar a decisão, que ela só deve ser tomada em setembro. Parece perto, mas está longe do ponto de vista da atração de pessoas para o PDT. Tem gente que quer ser candidata a distrital pelo partido, mas aguarda a decisão sobre ter ou não candidato ao governo. Se esperarmos, podemos perder muita gente.

E o senador Rollemberg? Ele sonha em ter o senhor como aliado na disputa ao governo;
Se o PDT não tiver candidato, vamos ter que discutir a possibilidade de apoiar o Rodrigo ou o Toninho. Mas preferimos que estejam conosco.

Receia enfrentar o PT pela relação com a militância que sempre fez a sua campanha?

Não digo que não faria isso, até porque já enfrentei o PT em plano nacional. Mas me incomodaria ver a militância do PT contra o meu nome. Essa é uma das razões pelas quais eu não fiz campanha no DF em 2006, apesar de ter apoiado a Arlete. E eu adoraria ver a Arlete candidata a governadora de novo. Se ela concorresse, eu defenderia o apoio ao PT e a retomada da aliança em 2014.

O que levou ao seu rompimento com Agnelo?
Ninguém fez mais campanha para o Agnelo do que eu, salvo ele próprio. Depois da eleição, falei que o PDT tinha um nome para a Secretaria do Trabalho, que era o Peniel (Pacheco). Mas meu interesse era a educação e disse que gostaria de ajudar na escolha. Depois, soube pela televisão que ele nomeou alguém da UnB, que é minha base. Isso me incomodou muito. O Agnelo me disse que avisasse o Peniel que ele seria secretário. Mas o deputado Israel Batista veio e negociou uma indicação dele. Foi uma desmoralização completa. O Agnelo só queria garantir um voto na Câmara, o resto não interessava.

Reguffe tem discurso forte de corte de gastos e defesa da ética. Não seria preciso avançar para concorrer ao governo?
Reguffe foi meu aluno na UnB, mas ele fez caminho próprio e deu certo. O povo não quer ouvir que a educação é o motor do progresso, como eu falo. O povo quer ouvir é sobre o fim de privilégios e de benesses. O Reguffe representa no Congresso o que o Joaquim Barbosa representa no Brasil. Essa é a marca.

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EIXO CAPITAL
O show da picaretagem
O esquema de contratação de bandas para shows nas administrações regionais, que deixou o deputado distrital Raad Massouh (PPL) na iminência da degola na Câmara Legislativa, pode dar dor de cabeça a muito mais gente. Só este ano, a Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap) abriu oito inquéritos para investigar empresas que receberam boladas de recursos públicos para subcontratar artistas e grupos musicais. Uma única firma ganhou R$ 18 milhões no período de um ano. Faturou alto agenciando a apresentação de bandas completamente desconhecidas por cachês capazes de encher os olhos até mesmo de nomes renomados da música. Sob o pretexto de serem representantes exclusivas das bandas, as empresas driblaram a Lei de Licitações e conseguiram colocar a mão em altas somas de dinheiro público. A polícia ainda investiga a participação de funcionários de administrações. E há suspeitas contra pelo menos um deputado distrital, citado em depoimentos de servidores da Secretaria de Cultura.

Bancada do Estevão
O senador cassado Luiz Estevão vai investir pesado para formar uma grande bancada para o PRTB, partido presidido por sua filha Fernanda Estevão. Um dos nomes cotados para reforçar a legenda é o da distrital Liliane Roriz (foto). A filha do ex-governador Joaquim Roriz se elegeu pelo PRTB e trocou a sigla pelo PSD em 2011. Ensaia agora uma volta para casa. Os dois têm conversado bastante no escritório do empresário, na Península dos Ministros.

Elas por elas
O senador Gim Argello (PTB), que sonha com uma indicação para o Tribunal de Contas da União (TCU), parece ter encontrado uma fórmula para conquistar a desejada cadeira. Gim (foto) quer ocupar a vaga que será aberta com a aposentadoria de Valmir Campelo, provavelmente em abril. Se a costura der certo, o TCU trocará um ex (e provável futuro) petebista de Brasília por outro petebista de Brasília.

A caminho da forca
No meio político já é dada como certa a cassação do mandato de Raad Massouh. Se o caso for a plenário, a votação será aberta, como prevê a Lei Orgânica do DF. Às vésperas de ano eleitoral, a aposta é de que os distritais vão querer promover o marketing da ética para fazer bonito com o eleitorado.

A moça do tempo
Nuvens de instabilidade, trovoadas, tempestades; A ex-primeira-dama do DF Flávia Peres conhece bem as intempéries da vida pública. Mas ela se dedica agora a outro tema: o clima do país. Não mais o político, e sim o meteorológico. Flávia é apresentadora do tempo do Jornal da Band, em São Paulo. Apesar da vida longe de Brasília, é lembrada por quem está de olho na campanha de 2014 como um bom nome para a disputa parlamentar. Até o tsunami de 2009, Flávia era tida como uma forte candidata. Agora, se o vento soprar a favor, quem sabe;

Voluntariado a pé
Os voluntários que vão se apresentar durante a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, no Estádio Nacional de Brasília, ouviram do Comitê Organizador Local (COL) a promessa de ganhar lanche e passagens de ônibus para comparecerem aos longos e cansativos ensaios. Mas, a três semanas do evento, a maioria está a pé e sem os cartões de transporte. Como muitos moram longe do centro ou no Entorno, houve um grande número de desistências, o que pode atrapalhar até mesmo o espetáculo da abertura.

Passado recuperado
Um pedaço da história de Brasília ruiu em 2005, quando a Igreja de São Geraldo, construída em 1957 e a segunda mais antiga da cidade, desmoronou. No local do templo, no Paranoá, restou apenas a escadaria. Agora, a esperada reconstrução pode enfim sair do papel. A Secretaria de Cultura fez licitação para reerguer o templo, com previsão de gasto de R$ 282 mil. A história de Brasília agradece.

Do outro lado do balcão
Sindicalista engajado no passado, o atual diretor-geral do Detran, José Bezerra, agora enfrenta as agruras de estar do outro lado do balcão. Ele chegava para trabalhar na semana passada quando foi interpelado por um grupo de servidores que protestavam. Irritado, argumentou que, mesmo na época em que encabeçava as greves, os diretores jamais eram barrados. Depois de meia hora de uma exaltada negociação, conseguiu entrar no prédio.

Jantar com bisturi
Já está acertada a construção em Brasília do primeiro Sírio-Libanês fora de São Paulo. Hoje, no DF há apenas uma unidade na área de oncologia. O governador Agnelo Queiroz e o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, jantaram há alguns dias com a diretoria do hospital para acertar os detalhes. Participou da reunião o médico Paulo Hoff, da equipe que tratou Lula e a presidente Dilma Rousseff. Já há até área definida, na L2 Sul.

A ver navios
Depois de deixar a comunidade acadêmica empolgada com a oferta de R$ 2,2 milhões para a concessão de bolsas de mestrado e de iniciação científica em 2012, o governo cancelou os editais nesta semana. Na época da publicação, o distrital Cristiano Araújo (PTB) estava à frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Os editais foram cancelados porque, segundo técnicos da Fundação de Apoio à Pesquisa, havia cláusulas mal escritas e erros graves.

Enquanto isso... Na sala de Justiça
O ex-deputado Odilon Aires, vice-presidente do PMDB-DF, está inelegível até janeiro de 2015. Tem a ver com Durval Barbosa, mas não é por causa da Caixa de Pandora. Odilon foi condenado a dois anos e um mês de detenção por denunciação caluniosa. Em 1995, o peemedebista, irritado com cartazes em que era xingado no Cruzeiro, pediu a abertura de uma investigação para descobrir quem seria o algoz. Conduzido pelo então delegado Durval, o inquérito chegou ao nome de um adversário político de Odilon. Depois, a Justiça constatou que houve, na verdade, uma armação contra o suposto agressor. No fim das contas, sobrou para Odilon.

Mandou bem
O Tribunal de Justiça do DF obrigou um plano de saúde a pagar a reconstrução de mamas de uma paciente que teve câncer.

Mandou mal
A Prefeitura da 306 Norte fez uma obra fechando o pilotis de um dos blocos da quadra, o que fere o tombamento.

"A indicação de Luís Roberto Barroso ao STF desagradou aos fundamentalistas da direita e da esquerda: bom"
Hélio Telho, procurador da República e coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção do MPF-GO, pelo Twitter

"Olha o que é o governo do PT: o STF perde o Ayres Britto e ganha, indicado pela Dilma, um defensor de terrorista. Triste e pobre Brasil"
Alberto Fraga, presidente regional do DEM e voz dissonante em meio a uma enxurrada de elogios a Barroso, considerado um importante constitucionalista do país.

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