René Sampaio de Honório Ferreira ouviu Faroeste caboclo pela primeira vez em 1987, aos 13 anos. Logo pensou em fazer um filme baseado na letra. Uma pretensão gigantesca para um adolescente. E René estava longe de ser o único a ter tal ideia. Era a música mais tocada da Legião Urbana naquele ano. Esteve no topo da lista todos os dias por mais de 40 semanas seguidas, nas principais FMs do país, apesar dos seus 9 minutos de duração. Obcecado pela canção e pela banda, René ficava em casa, nas tardes quentes e secas de Brasília, esperando a música tocar na rádio de sua preferência, tentando soltar a pausa do gravador no exato instante que ela começasse, pois ainda não tinha o disco e queria registrá-la em fita cassete. Tempo depois, “juntou uns trocados” e, enfim, comprou o LP da Legião. Mas não parou por aí.
Aos 15 anos, René pediu ao pai, o jornalista Jorge Honório Ferreira Neto, para levá-lo à agência de propaganda que cuidava da conta da já extinta Transbrasil, onde Jorge trabalhava como assessor de imprensa. O adolescente queria saber como tudo funcionava. O diretor de criação o recebeu e o levou para dar uma volta pela empresa. Explicou como eram todos os departamentos. No fim, perguntou ao filho do amigo o que gostaria de fazer na área. “Disse que nada daquilo me interessava muito e que queria ser diretor. Ele me olhou com uma cara muito séria e perguntou: ‘Tem certeza? Tem muito pouco espaço pra isso e a pirâmide é cruel, melhor ser redator’”, recorda-se René, que foi para casa pensando no assunto, sem nunca desistir. A persistência, que marcaria a trajetória profissional, acabou levando René a realizar um dos maiores sonhos dos fãs da Legião. Agora, 26 anos depois de ouvir Faroeste pela primeira vez, ele lança o filme homônimo, o primeiro longa-metragem.