Luiz Calcagno
postado em 04/06/2013 06:00
A injúria racial cometida pela aposentada Nathércia de Andrade Rabelo, 48 anos, no último domingo, na Asa Sul, engrossa as estatísticas de casos semelhantes no Distrito Federal. No ano passado, foram 402 ocorrências registradas nas delegacias do DF - uma média de 33 por mês, ou uma por dia. Brasília é a segunda região administrativa com maior número de ocorrências - 62. Perde apenas para Ceilândia, que teve quatro a mais. A possibilidade de pagamento de fiança, porém, raramente deixa os agressores presos. Pega em flagrante por agredir verbalmente funcionários da padaria Belini, na 113, após não concordar com o valor de um suco de abacaxi, Nathércia foi solta em menos de 24 horas depois. Para isso, desembolsou R$ 678 (um salário mínimo).A aposentada acabou presa depois de dizer que os funcionários da panificadora eram "negros que queriam roubá-la". Segundo as vítimas, ela também empurrou e deu tapas nelas. Nathércia mora na Asa Sul e chegou à padaria por volta das 13h30 de domingo. No balcão, de acordo com as testemunhas, olhou o cardápio e pediu um suco de abacaxi, um quibe e biscoitos. No caixa, questionou o valor da bebida - R$ 5,90 - e começou uma série de agressões verbais contra a caixa da panificadora.
"Gritava que uma negra estava querendo roubá-la. Cheguei para tentar acalmá-la e ela disse que era mais um negro, que ela odiava negros e que eu era um negro que estava me fazendo de coitadinho", lembra Antônio Castro, 27 anos, gerente da padaria. Os gritos da aposentada também fizeram com que a técnica em nutrição do estabelecimento, Elaine da Silva, 32, tentasse conter o tumulto."Quando me aproximei, ela falou que nós, negros, estávamos tentando mandar nela e que, mesmo que chamássemos a polícia, não seria presa", afirma Elaine.
Veja o momento da agressão:
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