Cidades

Artista faz retrato comovente e detalhado do cotidiano da cidade do Paranoá

postado em 17/06/2013 08:30

PÉ NO CHÃO - Os meninos se dividiam entre os com camisa e os sem camisa - e todos sem tênis

No ano em que o Brasil foi tricampeão do mundo, Gersion de Castro se mudava da Vila do Iapi, onde nasceu, para a Vila Paranoá, onde seria criado. Era um bebê, filho de candangos que participaram da construção de Brasília. Como os outros candanguinhos (e brasileirinhos em geral), Gersion aprendeu a andar e a chutar bolinha ao mesmo tempo. Bola de meia, de saco de leite estufado com papel e amarrado com barbante, furada, de pano, de tudo quanto pudesse rolar na terra vermelha.



Os meninos jogavam de pé no chão, os sem camisa contra os com camisa. Brincavam de golzinho, marcando com pau e pedra as pequenas traves por onde as bolas quase redondas deveriam entrar. No tempo da chuva, driblavam a lama; no tempo da seca, atiçavam a poeira. Antes de dormir, tomavam o banho que a pouca água permitia. Era no Lago Paranoá que as crianças se banhavam de verdade, escovavam as unhas, tiravam a tiririca das pernas, dos braços e do pescoço e brincavam de felicidade.

A vila que nasceu do acampamento dos primeiros trabalhadores da Barragem do Paranoá tinha um campo de futebol de medidas razoáveis. Era o Campão, revestido de uma camada de areia e com trave na altura dos adultos. ;Era uma imensidão. A gente ficava muito cansado de jogar lá, era muito grande e com a areia muito fofa;, lembra Gersion de Castro, o autor das pinturas desta página. Nos fins de semana, o Campão era reservado para os jogos da liga dos times das cidades-satélites.

ENTRE OS BARRACOS - Qualquer espaço mais largo servia para a pelada

FESTA E FUTEBOL - Mesmo quando tinha show, os meninos jogavam bola

SOLTANDO PIPAS - Bola no pé ou papel no ar

PAU DE SEBO - Subir no poste, brincadeira do Norte do país

TÊNIS CANDANGO - As raquetes eram feitas de pedaço de madeira velha e o campo, marcado com um risco na terra

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