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O protesto que começou como manifestação pacífica em Brasília, na tarde desta segunda-feira (17/6), ganhou contornos de guerra, à noite. A rampa do Congresso Nacional foi tomada por milhares de manifestantes. Na confusão, um vidro do prédio acabou quebrado. Eles já haviam ocupado a plataforma das cúpulas e, pouco tempo depois, chegaram ao acesso principal da Casa Legislativa. A invasão pela chapelaria foi dispersada por policiais, com gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Os manifestantes gritavam: "ei, soldado, vem para o nosso lado". A PM confirmou que 10 mil pessoas participaram da "Marcha do Vinagre" - o nome faz referência à substância usada pelos jovens para neutralizar os efeitos do gás lacrimogêneo.
[SAIBAMAIS]Cerca de 500 policiais tentaram conter a massa. Eles estavam com armas munidas com balas de borracha, mas não fizeram uso dos equipamentos. Ao contrário de outros protestos, a tropa de choque não assumiu a linha de frente na contenção dos jovens. A elite da PM acompanhou o movimento pela parte lateral do Congresso. Por volta das 23h, o movimento começou a perder força. À meia noite, não havia mais movimento de manifestantes na chapelaria. Lideranças da marcha prometem um novo ato, ainda maior, para a próxima quinta-feira (20/6), às 17h30, com concetração na Rodoviária do Plano Piloto.
O chefe da Casa Militar da Governadoria, coronel Rogério Silva Leão, e o comandante da PM, coronel Jooziel de Freire Melo organizaram a força policial. Na opinião do chefe do Departamento Operacional da PM, coronel Jair Lobo, a falta de lideranças dificultou o diálogo. "A ausência de líderes constituídos impede darmos início a uma negociação", disse. O Comando da PM mobilizou homens de diversos batalhões do Distrito Federal para reforçar o cerco aos integrantes do protesto. Após negociação, manifestantes começaram a deixar a plataforma, por volta de 19h50, pela rampa, mas parte do grupo rumou para a chapelaria.
Num primeiro momento, eles tentaram entrar pela lateral do prédio, mas PMs evitaram. Quase simultaneamente, outras pessoas conseguiram driblar a segurança e subir no teto do prédio.
Cantaram o hino nacional e gritaram palavras de ordem. Os principais alvos são o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Marco Feliciano (PSC/SP). Outras questões de ordem, como o fim do voto secreto e da corrupção também pautaram os cartazes empunhados pelos manifestantes. .
Detenções
Antes da invasão ao Congresso, três manifestantes foram detidos. Os PMs usaram spray de pimenta e cassetete para deter o grupo que tentava chegar à rampa. Os primeiros foram retirados à força, carregados. Soldados da tropa de choque lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Um adolescente foi apreendido. Ainda não se sabe por quais motivos.
O Congresso foi cercado pela tropa de choque e a cavalaria da PM. Welinton Fontinele, um dos representantes da manifestação, informou que os grupos que invadiram o prédio estão sendo procurados. Segundo Fontinele, os líderes do protesto queriam convencer os jovens mais exaltados a desistir dessa ideia para que não se sujem a imagem da "Marcha do Viniagre", que é pacífica.
Punks e partidos
Apesar das orientações da PM para não ultrapassar duas das seis faixas do Eixo Monumental permitidas para o protesto e a não atrapalhar o trânsito, mais cedo, um grupo de punks invadiu todas as faixas do Eixo Monumental. Eles rodearam uma viatura da PM. Os líderes da "Marcha do Vinagre" tentaram conter o grupo e pediram que eles liberem as pistas ocupadas, mas os punks acabaram fechando as pistas e, agora há pouco, os integrantes da manifestação invadiram todas todas as faixas do Eixo Monumental.
Antes dos manifestantes chegarem ao Congresso, policiais fizeram um cordão de isolamento e empurraram os manifestantes para que eles voltassem às duas faixas. A Polícia Militar soltou bombas de gás lacrimogêneo para conter uma confusão entre os manifestantes e o grupo do Patido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU). Integrantes do PSTU foram retirados do protesto.
Influenciados por um onda de manifestações que começou na semana passada em São Paulo, os participantes são contrários à violência da polícia nas manifestações ocorridas em todo o Brasil. Declaram também apoio à Marcha da Corrupção. Cerca de 16 mil pessoas confirmaram presença no evento criado no Facebook.
Confusão na concentração
A Polícia Militar identificou seis pessoas riscando carros que estavam próximos ao museu. "Nós optamos por esperar a manifestação começar. Acreditamos que esses índividuos podem não estar relacionados ao grupo de manifestantes e consideramos que prender pessoas em meio à concentração poderia acirrar os ânimos. Nossa vontade é que tudo ocorra com a maior tranquilidade possível", disse Gouveia.
Reivinidicações
Os manifestantes também pedem investimento no transporte público, na saúde e na educação, a não aprovação da PEC/37 e da PL 728/2011, investigação das obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal e do Ministério Público e a luta contra a remoção das famílias das áreas de interesse econômico em nome da Copa das Confederações e do Mundo.