A falta de entendimento entre os presidentes da Câmara e do Senado, André Vargas (PT/PR) e Renan Calheiros (PMDB), respectivamente, chegou a dificultar a ação da Polícia Militar, que trabalhou na tentativa de evitar que a parte interna do Congresso Nacional fosse invadida por cerca de 10 mil manifestantes. Por questões legais, a força policial do DF só pode atuar dentro das duas Casas com autorização por escrito dos seus presidentes.
Vargas pediu interferência da PM ao governador Agnelo Queiroz. Ele entende que a Polícia Legislativa não tem efetivo suficiente para conter a massa. Renan Calheiros, no entanto, não permitiu a intervenção. A informação foi passada ao Correio pelo chefe do Departamento Operacional da PM, coronel Jair Lobo Rodrigues. "Tecnicamente, não temos condições de proteger apenas parcialmente o interior da Casa do Poder Legislativo. Vamos permanecer fazendo o cerco do lado de fora", afirmou o oficial.
Sob o risco de ver o patrimômio da Câmara dos Deputados depredado, no fim da noite, o comando da Casa chegou a autorizar a entrada da Polícia Militar no prédio para conter a invasão de manifestantes, caso a situação ficasse mais complicada. O confronto, porém, não foi necessário. ;A ideia de contê-los por fora teve sucesso e eles foram embora sem maiores problemas;, comentou o diretor-geral da Câmara, Sergio Sampaio.
Sampaio diz ter sido agredido pelo grupo que invadiu o parlamento com chutes e cuspes, assim como alguns funcionários, mas nenhum ficou ferido. Segundo ele, os ativistas quebraram a vidraça da primeira vice-presidência da Casa. Também foram encontradas garrafas de gasolina e coquetel molotov na parte superior da Câmara. De acordo com a Polícia Militar, uma viatura da corporação foi depredada. Ao todo, 110 seguranças legislativos participaram da operação de dentro do prédio e 400 policiais militares do lado de fora.
Ainda de acordo com a PM, 10 mil pessoas participaram do protesto, dois agentes e um manifestante ficaram feridos.
Com informações de Leandro Kléber