Pelo menos 3,5 mil pessoas se concentraram na tarde deste sábado (22/6) em passeata em direção ao Congresso Nacional a fim de manifestar contra a PEC 37, medida que retira do Ministério Público a atribuição de realizar investigações criminais. A concentração ocorreu no Museu da República. Seis pessoas foram presas.
O grupo interditou as quatro faixas esquerdas do Eixo Monumental, deixando apenas duas livres para os carros. Eles desceram até o Congresso cantando o hino nacional e carregando faixas e cartazes contra a PEC 37 e contra a corrupção. Além de outras reivindicações, eles exigiram que os mensaleiros condenados deixassem de exercer o mandato.
Temendo que o episódio de quinta-feira (20/6) se repetisse, quando diversos atos de vandalismo foram registrados, inclusive no Palácio do Itamaraty, a segurança na Esplanada foi reforçada. O Congresso Nacional, o Palácio do Itamaraty e o Ministério da Justiça estavam completamente tomados pela Polícia Militar e pela cavalaria. Os manifestantes ocuparam o gramado central.
Em menos de uma hora reunidos, os manifestantes cantaram o hino nacional em frente ao Congresso e seguiram pelo Eixo Monumental em direção à rodoviária. A intenção do grupo era bloquear o Eixão. Eles seguiram em direção a Asa Sul, mas mudaram de ideia e voltaram a caminhar para o Congresso Nacional, gritando "Copa do mundo, eu abro mão! Quero dinheiro para saúde e educação".
Ao chegar ao Congresso, debaixo de chuva, os manifestantes gritavam: "Chuva, não para não, está na hora de lavar a corrupção". Os jovens pediam que não houvesse atos de vandalismo. Muitos integrantes do movimento invadiram o espelho d;água em frente ao monumento.
Enquanto um grupo gritava "Vamos invadir, vamos invadir", outro vaiava e pedia para as pessoas evitarem vandalismo. Em um momento, algumas pessoas chegaram a jogar água na polícia, mas não houve confronto. Elas foram repreendidas pelos próprios manifestantes.
Mais tarde, coquetéis molotov foram jogados na direção da polícia. Os artefatos estouraram no ar e próximo ao cordão de isolamento formado pelos policiais. Nenhhum dos militares reagiu nem saiu da formação. Vândalos apontaram fogos de artifício na direção de helicópteros da polícia.
Quando os ativistas começavam a se dispersar, uma bateria de samba chegou ao local, e trouxe novo ânimo e energia para os integrantes do movimento que resistiam ao frio e à chuva.
Por volta das 21h20, os manifestantes se dispersaram, mas um grupo de aproximadamente 50 pessoas permaneceu na Esplanada, discutindo os pontos de uma carta que foi protocolada na sexta-feira (21/6) na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal. Esse grupo se pronunciou várias vezes contra o vandalismo, e após o fim do protesto permaneceu no local para fazer a limpeza do gramado.
Os pontos da carta, que os manifestantes assinaram em nome do "povo brasileiro", são:
Não a PEC 37/33
Fim do voto secreto
Investimento na saúde, educação e segurança
Criação de uma CPI para investigar o super faturamento da Copa
Retirada de Renan Calheiros da presidência do Senado
Estado laico efetivo
Cassação e prisão dos mensaleiros
Corrupção como crime hediondo
Fim do foro privilegiado
Veto ao ato médico
Melhorias do transporte público
Redução salarial dos parlamentares
Voto não obrigatório
Segurança
Pelo menos 750 policiais fazem a segurança na Esplanada. Quatro pessoas foram presas e encaminhadas para a 5; Delegacia de Polícia (área central). Durante uma revista preventiva, a polícia descobriu que eles carregavam na mochila pedras, coquetéis molotov, facas e um estilingue.
Enquanto um grande aglomerado de manifestantes voltava a pé na direção da rodoviária, mais dois vândalos foram presos pela Rotam na altura da Catedral, com coquetéis molotov nas mãos.
Ao lado do Congresso está posicionado um dos últimos veículos adquiridos para lidar com multidões, o Centurion. O nome oficial é "carro para controle de distúrbio civil", que tem câmeras capazes de identificar qualquer pessoa que esteja no gramado.