postado em 23/06/2013 07:30
Em casa, a televisão ligada, diante de imagens de bombas de gás lacrimogêneo e de 35 mil pessoas amontoadas. Na Esplanada dos Ministérios, pânico entre os manifestantes, e o sinal fraco dos celulares. Durante as manifestações, quem acompanha de longe sofre ao imaginar onde e como estão os parentes no meio da multidão. Muitos pais e mães apoiam a decisão dos filhos de participarem dos protestos que tomam conta do país, mas a angústia de não saber detalhes do que está acontecendo leva muitos a proibirem os adolescentes de irem nas próximas marchas.
A designer de interiores Andréa Avelino, 50 anos, fica apreensiva. Na última quinta-feira, ela permitiu que a filha, Maria Clara Avelino, 16, participasse dos atos na área central de Brasília. ;Eu acho importante escutar o jovem e ver o papel que ele tem nessa sociedade. Eles estão buscando melhorias, direitos que lhe são devidos. A princípio, acho tudo legítimo;, opina. Durante a manifestação de quinta-feira, a garota manteve o celular ligado, mas o sinal ruim prejudicou a comunicação com a mãe. Quando houve a invasão do Itamaraty, ela e as amigas decidiram ir embora. ;Falei com a minha mãe na hora em que estávamos saindo. Ela ficou um pouco brava, mas foi tranquilo;, assegura.
Todos os problemas gerados nessa noite fizeram com que Maria Clara ficasse ainda mais disposta a seguir marchando. ;Estou mais animada para ir à próxima manifestação, porque as pessoas estão vendo que a violência não resolve nada. Essas pessoas não nos representam;, argumenta Maria Clara. A autorização para ir, no entanto, pode não chegar tão facilmente. ;Apesar de achar que o jovem deve participar, vou pensar 10 vezes antes de deixá-la ir para a próxima;, avisa a mãe.