Luiz Calcagno
postado em 06/07/2013 08:01
Como os antigos pintores, a artesã Eliete Alves, de 46 anos, fabrica as próprias tintas e o verniz à base de cola, água e álcool. O laboratório é a cozinha de casa, na Estrutural. O ateliê, a pequena sala de visitas, e a matéria-prima principal, o Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Dele, ela tira bolsas, cestos de roupas, suporte para flores, apoios de pratos, vasos, cestas, porta-canetas, abajures, porta-retratos, enfeites de parede e praticamente tudo o que a imaginação permitir.
;Às vezes, estou lavando louça ou cozinhando, por exemplo, e tenho uma ideia. Paro imediatamente e desenho o que pensei. Em alguns momentos, é mais forte do que eu. Quando me dou conta, estou trabalhando naquilo há mais de uma hora e me esqueço dos afazeres. Sempre ponho em prática o que penso;, explica a baiana de Santana, mãe de dois filhos. Para ela, o trabalho não significa horas desagradáveis, rotina pesada nem sequer maçante. ;É a própria vida;, resume.
Eliete declara o amor pela profissão, que ela diz ;correr no sangue;. O dom de inventar coisas simples e belas para o lar nasceu há 24 anos, com a doença e a morte da mãe. ;Ela era costureira, e eu gostava de vê-la trabalhando, de mexer nos retalhos de panos. Ela ficou doente e parou de trabalhar e, certa vez, me disse que eu era inteligente, devia pegar os retalhos e criar alguma coisa. Não acreditei, mas inventei um chapeuzinho, usando um tecido e uma garrafa PET. Uma semana depois, vendi minha primeira encomenda;, lembra.