Cidades

Mesmo com tendência nômade, 150 pessoas se fixaram perto de Planaltina

Os integrantes ganharam, nos últimos meses, documentos e a primeira escola para as etnias no Brasil. Mas o preconceito ainda resiste

Renato Alves
postado em 14/07/2013 08:03
Eles não têm endereço fixo, conta em banco, cartões e, muitos, qualquer documento ou estudo. Vivem de negócios informais. Vão à rua vender todo o tipo de produto desde criança, quando começam a fazer economias para o casamento. Afinal, se casam ainda adolescentes e entre si. As uniões são arranjadas, acordadas entre os pais.Primas são prometidas a primos, e as meninas precisam manter a virgindade até o matrimônio. Caso contrário, o compromisso é desfeito, e ela se torna uma vergonha para a família. Mesmo adultas, as mulheres só falam com alguém de fora da comunidade sob a autorização e o olhar do marido ou de uma parente mais velha. Desde pequenos, sofrem todo tipo de preconceito. Por isso, alegam, são tão fechados e desconfiados. Esse é o universo cigano.

Cerca de 200 deles, integrantes de 25 famílias, moram no Distrito Federal e Entorno. Na verdade, passam parte do tempo no quadrilátero e nas cidades goianas vizinhas, pois, como bons ciganos, gostam de viajar. Desses, 150 se abrigam em tendas. Há três anos, após percorrer todos os estados do país, montaram acampamento em uma área do tamanho de três campos de futebol, no Núcleo Rural Córrego do Arrozal, perto de Planaltina. Pertencente à União, a terra está em processo de regularização e deve ser doada aos ocupantes. Mês passado, por meio de um mutirão da Secretaria de Justiça do DF, os ciganos do lugar ganharam Carteiras de Identidade, de Trabalho e CPF.



Leila Alves, de 33 anos, integrante de grupo de dança folclórica e mulher do líder do acampamento: tradição manda a mulher cuidar da casa, do marido, dos filhos e dos sogros

Meninas como Jaqueline, 14, costumam casar com primos

Raquel Dutra, 24 anos, é a única do grupo que lê as mãos



Os integrantes ganharam, nos últimos meses, documentos e a primeira escola para as etnias no Brasil. Mas o preconceito ainda resiste

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