Cidades

Apesar de alto IDHM, Brasília sofre com a desigualdade de renda

Conforme o estudo, 67,20% de toda a renda da capital federal estão concentrados em apenas 20% da população

postado em 30/07/2013 23:34
O Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, divulgado ontem (29) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostrou dados positivos do Distrito Federal (DF) e sua capital, Brasília. O DF ostenta os melhores índices de renda, longevidade e educação, recebendo a classificação de ;muito alto; no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre as unidades da Federação. Mas o sucesso do DF não se repete quando a questão é a distribuição de renda.

Brasília, quando comparada a outras capitais, é a quarta colocada no quesito má distribuição de renda. Conforme o estudo, 67,20% de toda a renda da capital federal estão concentrados em apenas 20% da população. É a quarta pior distribuição de renda do país, ficando atrás apenas do Recife (PE), de Salvador (BA) e Maceió (AL). A professora de antropologia da Universidade de Brasília (UnB), Lia Zanotta, atribui o problema à grande quantidade de empregos públicos na cidade.

;A desigualdade é bastante grande. É uma população que vive das atividades de funcionários públicos, que recebem relativamente bem, e há os empresários, que também têm uma renda alta. Mas também tem uma classe popular que vive, em grande parte, nas cidades periféricas, com uma renda bastante baixa;. De acordo com ela, as atividades comerciais e industriais ainda não abrem vagas de emprego que atendam plenamente à demanda da população. Por outro lado, um maior incentivo a esses setores da sociedade ajudaria a nivelar a renda entre a população.

Na avaliação da professora, uma das saídas possíveis seria o investimento em pequenos empreendedores e o desenvolvimento de um ;cinturão verde;, em áreas no Entorno de Brasília que teriam condições de produzir com alta tecnologia, como orgânicos, por exemplo. O presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya, também entende que o setor privado não acompanha a quantidade de empregos públicos e a qualidade dos salários dessa fatia de mercado.

;Essa concentração é histórica, e vem se acentuando. Como o trabalhador do setor público tem um rendimento médio mais de quatro vezes superior à média encontrada no setor privado, essa disparidade em termos de renda é mais acentuada em Brasília;. Miragaya, que também é conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), explicou que o governo tem procurado saídas para corrigir essa distorção. ;O governo está preocupado com essa diversificação da estrutura produtiva. Temos realizado estudos, identificando segmentos que podem ser incrementados, como no setor industrial e de tecnologia da informação;.

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