Renato Alves
postado em 04/08/2013 10:00
Bebê com todos os dentes de leite apodrecidos. Uma mulher com a mama retirada após a amamentação, enquanto a filha, alimentada por ela, sofre uma inflamação que apodrece as amígdalas. Um médico que se dedica a buscar um tratamento para manter a mulher viva. Essas são algumas das 60 vítimas da contaminação provocada pelo vazamento de combustível do Posto Brazuca, em Sobradinho, há mais de uma década. Uma comunidade em busca de uma vida saudável, em meio à natureza, desfeita pela intoxicação dos alimentos que cultivavam, mesmo sem o uso de agrotóxicos.
[SAIBAMAIS]Por meio de uma série de reportagens, o Correio conta, a partir de hoje, o calvário dessa gente. Até então, a maioria dos dramas estava restrita às páginas dos processos judiciais movidos contra o dono do estabelecimento e contra a Petrobras Distribuidora (BR), apontados como os responsáveis por um dos maiores desastres ambientais do Distrito Federal. Havia a suspeita de vazamento de produtos químicos desde 1995, mas, só em 2002, providências começaram a ser tomadas (veja Linha do tempo).
O caso veio à tona em maio daquele ano, quando o Ibama interditou o estabelecimento pela primeira vez, após denúncias dos moradores de chácaras vizinhas. Famílias inteiras, que consumiam água de poços artesianos, começaram a passar mal. Sentiam náusea e dor de cabeça. As reclamações tinham começado em 2001, mas aumentaram no ano seguinte, quando o cheiro, a cor e o gosto da água sofreram nítidas alterações.
Desde então, vítimas travam longas e penosas batalhas judiciais. Nesses 11 anos, médicos e exames toxicológicos comprovaram que a tragédia ia muito além da contaminação do solo e da água, constatada por analistas ambientais e por testes em laboratório. Moradores da região contraíram diversas doenças, como câncer. Tiveram órgãos comprometidos, perderam membros. Houve mortes.
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