Cidades

Vítimas contaminadas por vazamento em Sobradinho ainda aguardam indenização

Além das doenças decorrentes do uso e da ingestão de água contaminada pelo combustível que vazou do Posto Brazuca, em Sobradinho, moradores ainda enfrentam disputas judiciais e o preconceito, mais de uma década depois

Renato Alves
postado em 05/08/2013 06:08
Tanques de combustíveis retirados em 2004 para inspeção continuam expostos na Vila Rica, quase uma década depois: 300 mil litros vazaram e atingiram o solo

Até 2002, o Posto Brazuca, às margens da BR-020, era o maior revendedor de combustíveis do Distrito Federal. Movimentava até 1 milhão de litros mensais. Era tanto que o dono decidiu construir um conjunto comercial ao redor do estabelecimento. Nele, havia uma lanchonete. E sua proprietária, como os 60 moradores da comunidade Vila Rica, acabou contaminada pelo combustível vazado dos tanques subterrâneos do posto. Ela é uma das pessoas reconhecidas como vítimas da intoxicação. Mas, como outras, ainda não recebeu a indenização.

Além das doenças decorrentes do uso e da ingestão de água contaminada pelo combustível que vazou do Posto Brazuca, em Sobradinho, moradores ainda enfrentam disputas judiciais e o preconceito, mais de uma década depoisA exemplo da maioria das vítimas, a mulher de 56 anos prefere não se identificar. Teme o preconceito e ser vítima de roubo, pois mora em uma área violenta onde, segundo ela, os vizinhos podem pensar que ficará rica quando for ressarcida pelos danos morais, físicos e materiais sofridos no desastre ambiental. A decisão favorável a ela saiu há uma semana. A mais recente no caso Brazuca.

Esta senhora bebia água e tomava banho com o líquido bombeado de um poço artesiano furado nos fundos da lanchonete. Não existia outra opção, pois não havia água encanada em todo o posto nem em todas as chácaras vizinhas. Desde a revelação da contaminação do lençol freático pelos tanques do Brazuca, ela teve inflamações no útero e no trato gastrointestinal. Enfrentou ainda o diagnóstico de um nódulo com células cancerígenas no reto, além de alergias na pele e no couro cabeludo, e perdeu os dentes.


A mulher ganhou o processo por danos morais no fim do ano passado. A Petrobras Distribuidora (BR), que fornecia o combustível, e o posto Brazuca recorreram e o caso foi para a 6; Turma Cível. Na última quarta-feira, os desembargadores mantiveram a condenação para que os réus paguem R$ 50 mil de indenização à mulher. Atualizado, esse valor pode chegar a R$ 300 mil. A sentença deve beneficiar outras pessoas que ainda aguardam um posicionamento do Judiciário sobre o caso. No entanto, ainda não foram definidos prazos nem como será feito o pagamento.

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