Cidades

Registros de nascimento e de batismo recontam as origens de Brasília

Documentos de batismo, óbitos e até de posse de terras do antigo arraial Santa Luzia, atual Luziânia, revelam que a região onde se ergueu parte do Distrito Federal carrega mais de 300 anos de história. O material se encontra no Arquivo Público da capital

Paloma Oliveto
postado em 02/09/2013 06:04
A atual Matriz do Rosário Luziânia, construída em 1769, ficou no lugar da capela de Santa Luzia: história

Ao 1; de novembro de 1749, a Igreja ganhou a alma de Anastacia. A filha de Ana, escrava africana da nação Mina, foi batizada na capela de Santa Luzia, recebendo os santos óleos com ;licença do Muito Reverendo Doutor Jeronimo Morera de Carvalho;, vigário da freguesia de Meya Ponte. O registro sacramental resistiu ao tempo e, hoje, pode ser consultado no acervo digital do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF). O então arraial que levava o nome da padroeira é a vizinha Luziânia, que foi, nas palavras de um cronista dos tempos coloniais, o mais extenso da província de Goiás, destacando-se por produzir ;panos finos; e exportar doce, café e ;tabaco de fumo;.

Na época da construção de Brasília, a cidade goiana cedeu território para a capital futurista sair do traço de Lucio Costa e virar realidade no Planalto Central. A história brasiliense de três séculos ficou escondida, como se por aqui não houvesse nada, além de cerrado, à época da chegada de Juscelino Kubitschek. Essa ideia, porém, é equivocada. Casas, igrejas, fontes e conjuntos comerciais dos séculos 18 e 19 evidenciam o passado pulsante do local onde hoje é o DF, um corredor de gente e de mercadorias na Capitania de Goiás, cortado por dois caminhos que levavam à Estrada Real.



Monumentos, contudo, não são os únicos a contar a história de uma localidade ; e, consequentemente, de seu povo. Umas das principais fontes de pesquisa a respeito do período colonial, quando el-rey governava sob as bênçãos da Igreja, são os registros paroquiais. No de Anastacia, por exemplo, poucas linhas bastam para se colher pistas sobre a Luziânia da época. Já que Ana, a mãe da criança, é identificada como sendo da ;nação Mina;, sabe-se que, na cidade, havia negros provenientes de uma região da costa africana onde, hoje, fica Benin, Gana e Togo. O documento também revela que Ana é propriedade de outra Anna, ;parda forra solteyra;, evidenciando o costume de ex-escravos se tornarem, eles mesmos, senhores, depois de libertos.

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