Cidades

Encontro quer mostrar a importância da bicicleta para a mobilidade urbana

Que tal ficar um dia sem carro? A proposta de deixar as ruas do mundo inteiro sem veículos motorizados encontra eco na capital do país amanhã

Leonardo Meireles
postado em 21/09/2013 06:59
Eventos como o Dia Mundial Sem Carro são fundamentais para conscientizar os motoristas a respeitarem os ciclistas no trânsito

A frota de veículos no Brasil aumentou em mais de 10 milhões entre 2010 e 2012. É mais poluição no ar, menos espaço nas ruas e mais acidentes. Ou seja, propensão a problemas com saúde e estresse nas vias públicas. Motivos mais que suficientes para o uso consciente do automóvel. Para que a população pense sobre o assunto e faça sua parte na transformação da rotina no trânsito, foi criado o Dia Mundial Sem Carro (leia Para saber mais). A data é comemorada amanhã.

E este ano, a bicicleta é a personagem principal do dia. ;Já fizemos eventos com carona solidária e outras formas de se deixar o carro em casa. Agora, escolhemos a bicicleta por causa da valorização das ciclovias, inclusive aqui no Distrito Federal;, afirma Marcier Trombiere, assessor especial do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.

O dia de comemoração faz parte da Semana Nacional de Trânsito. O ministério vai aproveitar a ocasião para distribuir material educativo sobre regras de convivência harmônica entre motoristas e ciclistas em ruas e estradas do país. A iniciativa conta também com uma tenda de assistência à saúde. ;A bicicleta é importante por causa da conotação desportiva, por ser um veículo alternativo, por servir de congregação das famílias e por lazer;, argumenta Trombiere.

A campanha do Dia Mundial Sem Carro torna-se fundamental para que as pessoas se conscientizem sobre o bom uso da bicicleta. A retirada de um veículo motorizado das ruas permitiria a 12 ciclistas se locomoverem. ;A cidade tem que ser pensada com a bicicleta sendo ferramenta para a mobilidade;, adverte Trombiere.

Assista a entrevista com o diretor de educação de trânsito do Detran, Marcelo Granja
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Respeito
Uma das maneiras de se conscientizar sobre o uso da bicicleta é aprender mais sobre as ciclovias cada vez mais presentes na capital. Como a iniciativa é nova, em pontos em que as faixas cruzam com as pistas dos automóveis, os motoristas tendem a ficar confusos, como acontece no Sudoeste desde a construção das ciclovias. Como a faixa percorre toda a região administrativa, nesses locais, a ciclovia está sinalizada com retângulos brancos pintados no asfalto, mas, na hora de dar a preferência, quem dirige ou pedala fica na dúvida se deve parar ou seguir.

Além disso, pedestres usam a faixa destinada aos ciclistas, o que não é permitido. O desconhecimento do modelo de via e a falta de campanhas educativas também deixam dúvidas. Nos cruzamentos entre carros e bicicletas há placas que indicam a presença de ciclistas. Mas a marcação no asfalto é insuficiente para os motoristas, que passam desconfiados pelo local.

Para a coordenadora do grupo de ciclistas Pedal Noturno, Kátia Luciene Ramos Rodrigues, a conscientização é o caminho que garantirá um trânsito seguro. ;A gente está muito feliz de ver todo esse movimento de ciclovias para a cidade, o que é muito importante, pois vai ficar para o futuro também. Mas é preciso fazer a sinalização. Não adianta colocar só uma pintura diferente. As pessoas precisam entender do que se trata;, afirma Kátia.

Ela acredita que os motoristas precisam a aprender a enxergar os ciclistas e, a partir daí, tomar os cuidados necessários para manter os dois em segurança. Ao mesmo tempo, o ciclista deve aprender a agir como um motorista. ;Considerando que não vive em um lugar que prioriza o ciclista, não deve nunca andar na contramão, pois isso só aumentaria a força de uma batida, e deve respeitar todos os semáforos e regras para os carros;, disse a coordenadora do Pedal Noturno.

Três perguntas para:
Maria Cristina Hoffmann, coordenadora de educação no trânsito do Denatran



Por que a Semana Nacional de Trânsito, que faz parte das ações do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada), tem como foco jovens e crianças?

A maior parte dos acidentes ocorre com pessoas que têm entre 18 e 39 anos. No caso das crianças, o objetivo é trazer o trânsito como atividade cotidiana, ensinando seu papel nesse contexto. Mais que aprender a ser pedestre, ciclista ou futura motorista, ela deve ser ensinada a ser cidadã e olhar a rua como um espaço de convivência social pacífica, onde quem tem mais proteção deve cuidar de quem é mais frágil.

Qual a principal meta do programa?

Temos como objetivo reduzir em 50% o número de vítimas fatais no trânsito até 2020, em conformidade com os objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) que, em 2011, proclamou a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. Para isso, trabalhamos com quatro frentes: educação, legislação, fiscalização e comunicação. Estamos melhorando, mas o Brasil ainda é o quinto país onde mais ocorrem acidentes.

Por que o álcool é o tema principal da Semana Nacional de Trânsito neste ano?
Um estudo do Ministério da Saúde mostra que uma em cada cinco vítimas de acidentes de trânsito ingeriu bebida alcoólica antes de pegar o volante. Mais do que aplicar a lei seca, queremos mostrar o perigo para educar de forma preventiva. Além do álcool, outro problema constatado é o excesso de velocidade, já que as pistas largas e com poucos cruzamentos de Brasília fazem alguns motoristas pensar que podem correr mais.









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