Breno Fortes
postado em 24/09/2013 18:40
Relatos de quem assistiu a discussão entre policiais civis e federais nas proximidades do Palácio do Planalto confirmam que, por pouco, não houve confronto na manhã da última sexta-feira (20/9). Um vigilante de um órgão público viu o momento exato em que três equipes do Comando de Operações Táticas (COT), da PF, interceptaram um comboio da Divisão de Operações Especiais (DOE). Segundo o trabalhador, motoristas foram impedidos de passar e ficaram preocupados com uma possível troca de tiros. "Fiquei olhando de dentro do prédio. Do jeito que eles estavam nervosos, poderia sobrar para todo mundo", contou.[SAIBAMAIS]Pela distância, o funcionário não conseguiu ouvir o que diziam os policiais, mas observou que todos estavam exaltados e gesticulavam muito. "As coisas só ficaram mais calmas quando um policial civil conversou a sós com um federal. Acho que eram os chefes da operação. Depois dessa conversa, todos voltaram para as viaturas e foram embora", relembrou.
Um sorveteiro que seguia em direção à Praça dos Três Poderes também viu a confusão. "Eu não sabia se passava ou se voltava. Pensei que tinha ocorrido algum crime, mas, depois, vi que eram policiais brigando", afirmou. O atrito entre membros das duas unidades de elite começou na entrada da Ponte JK. Um comboio da DOE formado por três carros e duas motos escoltava um ônibus com detentos para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Os batedores fecharam parte do trânsito para o comboio passar, mas um delegado dirigindo uma viatura da PF furou o bloqueio e, por pouco, não atropela um motociclista, segundo relatos de policiais civis. Os agentes da DOE iniciaram uma perseguição ao carro conduzido pelo delegado da PF. Inicialmente, ele se recusou a parar, mas, logo em seguida, obedeceu aos comandos do pessoal da DOE. Depois de um breve diálogo, o delegado acabou liberado, mas decidiu continuar acompanhando o comboio até a Papuda.
Abordagem
Na Papuda, o federal esperou próximo à cancela o retorno da equipe da DOE e permaneceu atrás dos carros da unidade de elite da PCDF. Nas proximidades do Palácio do Planalto, os policiais da DOE foram surpreendidos por agentes do COT, que saltaram dos veículos armados com fuzis e exigindo explicações dos colegas da DOE. Depois de uma discussão acalorada, os policiais do COT desistiram da abordagem e foram embora. Por orientação, os policiais civis foram orientados a abrir um boletim de ocorrência na 5; DP (Área Central). A denúncia foi registrada como crime de abuso de autoridade.
A briga atrapalhou até motoristas da presidente Dilma Rousseff que chegavam ao Palácio do Planalto. Eles foram obrigados a passar pela contramão. A presidente não estava na comitiva. As corregedorias das duas corporações abriram sindicância para apurar o caso. A PF não quis se pronunciar. O diretor geral da Polícia Civil do DF, Jorge Xavier, entende que houve erro do policial federal, mas acha que se trata de um fato isolado, não interfere na relação entre as instituições.
"Ainda é cedo para fazer qualquer tipo de avaliação, mas, o que chegou até mim, é que houve uma abordagem (por parte da PF) abusiva e desnecessária, mas isso partiu de um pequeno grupo de servidores e, não necessariamente da Polícia Federal", disse Jorge Xavier.