Cidades

Médicos confirmam superdose em processo sobre morte de criança em hospital

Profissionais foram ouvidos em audiência de instrução do processo que apura a morte de Rafaela Luiza. Pais da menina também falaram

postado em 28/09/2013 08:05
Mais de oito meses após a morte de Rafaela Luiza Formiga Morais, de 1 ano e 7 meses, a Justiça começou a ouvir testemunhas de defesa e acusação para apurar a responsabilidade da pediatra Fernanda Sousa Cardoso, servidora do Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib), no caso. A audiência na 1; Vara Criminal de Brasília colheu o depoimento dos pais da criança e de três médicos chamados pela defesa da suspeita. Fernanda é acusada de prescrever uma superdosagem de adrenalina à menina para o tratamento de uma urticária aguda, o que, segundo a denúncia, teria contribuído para a morte de Rafaela, ocorrida três dias depois.

Os médicos ouvidos reconheceram que a dose de 3,5 ml de adrenalina é muito superior ao recomendado a uma criança. Médico legista e professor de patologia na Universidade Católica de Brasília, Hélcio Miziara disse que a quantidade ;não é razoável para uma criança;, mas, por não ser a especialidade dele, não poderia afirmar a dosagem ideal. Pelo que avaliou dos prontuários e pareceres técnicos, a causa da morte da menina foi uma infecção generalizada. Ele afirmou haver falhas no laudo do Instituto de Medicina Legal.

O pediatra Bruno Vaz da Costa disse que ;jamais aplicaria 3,5 ml na criança;, atestou que os efeitos da adrenalina duram quatro horas e que as reações adversas são verificadas ao longo desse período. Segundo ele, como a menina fez uso de antibióticos e anti-inflamatórios antes, é possível que um quadro de infecção generalizada tenha sido mascarado nos exames de sangue.

Consultas

Jane Formiga Farias, mãe da menina, foi a primeira a depor. No relato, ela conta que Rafaela havia sido diagnosticada com urticária simples no Hospital Regional de Santa Maria, antes de procurar o Hmib. Segundo a mãe, como as manchas avermelhadas não desapareciam, a família decidiu ir ao Hospital Materno-Infantil. Jane afirma que, depois da consulta com a pediatra Fernanda, na sala de medicação, a dose de 3,5 ml de adrenalina teria sido contestada pelo enfermeiro, mas confirmada pela médica. Depois da injeção, contou a mãe, Rafaela vomitou, ficou com os lábios roxos, suava muito, teve febre e os batimentos elevados a 200 por minuto. Jane reclamou que Fernanda não prestou assistência adequada.

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