Cidades

Preso da Papuda faz curso à distância e se forma em administração

Primeiro detento do regime fechado a concluir um curso superior no Distrito Federal, preso por sequestro relâmpago agora é administrador e já está na pós-graduação. Com a ajuda da irmã, fez matérias a distância

postado em 02/10/2013 06:01
Glaucimar Ferreira dos Santos, 35 anos, exibe com orgulho o diploma na Penitenciária do DF: ao lado da irmã, Glaucenira, que gravava as aulas

Sapatos brilhando, beca impecável, fotos com a família e muitos cumprimentos. Mais um formando cumpria o ciclo de estudos e, finalmente, pegava o diploma de curso superior. O caso seria mais um entre milhares de jovens que se formam todos os anos, mas chama a atenção por um detalhe: a cerimônia de colação de grau ocorreu na tarde de ontem, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, onde o mais novo administrador de empresas está atrás das grades.

Ao apresentar orgulhosamente o certificado, o detento Glaucimar Ferreira dos Santos, 35 anos, entrou para a história como o primeiro interno do sistema prisional do Distrito Federal a cursar, em regime fechado, os quatro anos de uma graduação.

Mas não foi fácil. Condenado a 20 anos e quatro meses pelo crime de roubo com restrição de liberdade, o popular sequestro relâmpago, está encarcerado há seis. Ele conta que a privação da liberdade o fez refletir. Em 2007, concluiu, da cadeia, o ensino médio. No ano seguinte, prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pela boa nota obtida na prova, conseguiu duas bolsas para ingressar em alguma faculdade particular, mas a Vara de Execuções Penais (VEP) só autorizou a matrícula na modalidade a distância.

A partir desse momento, a vida acadêmica de Glaucimar só seria possível graças à irmã, a professora Glaucenira Ferreira Santos, 43 anos. Diante das condições impostas pelo juiz da VEP, Glaucenira iniciou uma peregrinação à procura de instituições de ensino que aceitassem o irmão. ;O preconceito é muito grande. A única a aceitar foi a Anhanguera (em Taguatinga);, contou a irmã.

Glaucimar foi matriculado em um curso semipresencial. Ou seja, pelo menos duas vezes por semana, ele teria de comparecer à faculdade. A irmã conseguiu autorização da VEP para assistir às aulas por Glaucimar. Nas sextas-feiras e aos sábados, ela gravava as explicações dos docentes, anotava os conteúdos e, nos dias das visitas, levava para o irmão.

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