Cidades

"Ele está dopado e tem crises de choro", diz esposa de motorista de ônibus

Delegado responsável pelas investigações sobre a morte de Geovana Moraes ouvirá novamente o condutor do veículo escolar, que responderá por homicídio culposo. O policial adianta que os depoimentos colhidos até o momento são suficientes para concluir a apuração

postado em 12/10/2013 06:59
O viaduto onde aconteceu a tragédia: empresa de ônibus defende que a única opção era atravessarFalta apenas o depoimento do motorista Francisco Alves, 37 anos, para o fim das investigações sobre o acidente com o ônibus escolar que provocou a morte de Geovana Moraes Oliveira, 6 anos, na última terça-feira, na QNN 5/7 de Ceilândia. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Mauro Leite, chefe da 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), as informações obtidas já permitem a conclusão da apuração. ;Vamos ouvir novamente o motorista, assim que for possível. Ele já falou no dia do acidente, mas, como surgiram novas informações, é necessário ouvi-lo novamente;, afirmou Leite. Francisco foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Segundo o delegado, a decisão de indiciar Francisco, mesmo sem ouvi-lo pela segunda vez, teve como base a imprudência do motorista atestada por meio dos outros depoimentos. Estudantes afirmaram que chegaram a pedir ao condutor que não entrasse no viaduto. ;O comportamento dele foi imprudente, quando ele decidiu tentar passar pela água. Esse comportamento teve como consequência a morte de uma menina de 6 anos. Com base nisso, ele foi indiciado por homicídio culposo;, explicou. Se condenado, Francisco pode passar de 2 a 4 anos na cadeia. De acordo com a família dele, o motorista está fortemente medicado e não tem condições de prestar depoimento na delegacia.

Pedido de desculpas

O motorista Francisco Alves, 37 anos, falou ao Correio, por telefone, que gostaria de pedir desculpas aos pais das crianças. Com palavras soltas, balbuciadas, o homem afirmou esperar que eles entendam que fez tudo que podia para garantir a segurança delas. A esposa de Francisco, Paula Alves, conversou com a reportagem e disse que o motorista está desolado. ;Ele está dopado, passa o dia dormindo e não consegue falar com o polícia nem com a imprensa. Ele não esta fugindo, só não tem condições de falar com ninguém;, explicou. De acordo com Paula, o marido tem constantes ataques de choro e só se acalma ao tomar remédios pesados para dormir.

;Ele será julgado pelo juiz, mas já está sendo pela própria consciência, pela polícia e pelas pessoas;, afirmou a mulher. A monitora do coletivo, Léia da Silva Miranda, 32 anos, defendeu o motorista em entrevista ao Correio. ;Não havia saída. Havia água jorrando atrás do ônibus e, na frente, parecia possível atravessar. Mas foi muito rápido;, explicou. A monitora disse também que Francisco era atencioso com as crianças e querido por elas.

A monitora contou que não consegue dormir, comer nem mesmo beber água desde o dia do acidente. Além do trauma psicológico, ela tem ferimentos nos braços e nas pernas. Na última quinta-feira, passou mal e precisou voltar ao Hospital Regional de Ceilândia. O médico atestou apenas o abalo emocional. Léa fica emocionada sempre que fala na tragédia. ;Tudo durou cerca de dois minutos. O ônibus quebrou, a água começou a subir. O Francisco abriu a porta da frente e começou a colocar as crianças maiores em cima do ônibus. Não dava para fazer o mesmo com as pequenas, porque elas poderiam ser levadas pela enxurrada. Acho que ele percebeu que algo tinha que ser feito, se não, morreria todo mundo, e saiu para pedir ajuda;, afirmou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação