Especialistas estimam que, do total de acusados de homicídios tentados ou consumados no Brasil, 90% são do sexo masculino. A tendência, que segue padrões internacionais, também pode ser comprovada no Distrito Federal. Para se ter uma ideia, em setembro deste ano, dos 95 julgamentos realizados nos fóruns da região, 92 tiveram homens como réus, ou seja, 96,8 % do total. Talvez venha daí o espanto que os crimes cometidos por mulheres costumam despertar. Hoje, a série que desde domingo revela os bastidores do Tribunal do Júri na capital mostra casos em que elas assumiram o papel de protagonistas de crimes bárbaros em Brasília.
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Doze de setembro de 1989. Valéria Dutra da Silva, 27 anos, enfrentava um dilema vivido por muitas mulheres. Tinha um novo companheiro, que lhe dera um filho, mas trazia mais do que memórias do antigo relacionamento. Adriene, 6 anos, e Mariana, 5, eram filhas do primeiro casamento. Desempregada, deprimida e atormentada com o diagnóstico de uma doença altamente estigmatizada, a hanseníase, Valéria tomou uma decisão extrema, que pensava ser a única capaz de manter o marido ao lado dela. Por volta das 17h30, comprou um frasco de veneno para ratos e deu para as duas meninas. Tomou também uma pequena porção.
As crianças começaram a passar mal quase imediatamente, e, vendo as filhas agonizarem, Valéria desesperou-se e as levou até o Hospital Regional de Taguatinga. Os médicos pouco puderam fazer. Na madrugada de 13 de setembro, as duas garotinhas morreram por causa do envenenamento. A mãe sobreviveu, mas foi presa em flagrante. Depois de quatro meses detida, ganhou a liberdade por força de um habeas corpus e se mudou para Goiás. Nunca mais foi encontrada pela Justiça para responder pelo crime.
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