Cidades

Correio mostra Brasília como palco da repressão e resistência à ditadura

Reportagens relatam histórias de personagens que sofreram com o regime e organizaram oposição a ele na capital federal

postado em 20/10/2013 10:56

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Alexandre Ribondi falou sobre o tema pela primeira vez neste ano. Cláudio de Almeida conta o que viveu, mas, ao chegar no ponto da tortura, cala-se e precisa tomar um ar para continuar. Betty Almeida escreveu um livro sobre o amigo Honestino Guimarães. Alduísio Moreira transformou a própria história em romance. Cada um deles encontrou uma forma de lidar com as lembranças. Em comum, a juventude vivida num período de repressão dura, praticada pelo Estado. Os locais de Brasília que hoje são paisagens, órgãos públicos, espaços culturais permeiam as memórias daquela geração acompanhada de sentimentos dolorosos.


A juventude é, por essência, uma etapa de inquietações. Não bastasse o desassossego característico dessa fase, a deles coincidiu com o período da ditadura militar no Brasil. Cresceram em Brasília quando a cidade ainda tinha poucos anos de existência, mas passava por agitação política que mexeu com a vida de cada brasileiro. Eles estudavam na também recém-criada Universidade de Brasília (UnB). Tinham 20 e poucos anos. Em meio a um cenário político hostil, se posicionaram contrários ao regime e, por isso, sofreram retaliações institucionalizadas. Todas elas, em ambientes da capital federal.

Apesar de Brasília ser o centro do poder e estar em pleno funcionamento, a maioria dos moradores desconhece os detalhes dessa história. Foram anos que passaram em branco para eles, que não têm o entendimento da gravidade dos episódios que ocorreram na cidade. Quando se fala em repressão ou resistência, os brasilienses não pensam automaticamente no Distrito Federal como palco de fatos importantes da história recente do Brasil. Mas as terras da região abrigaram repressão difusa, pelas quadras, pelos bares, e violações de direitos humanos, com prisões arbitrárias, tortura. A população não ficou inerte. Os resistentes encontraram endereços e se organizaram. Até pouco tempo, os episódios do período estavam restritos à memória de atores como Ribondi, Cláudio, Betty, Alduísio e os algozes deles.

Espaços da esquerda

Repúblicas de estudantes, apartamentos de professores, moradia estudantil serviram de espaço para reuniões da esquerda. A Universidade de Brasília (UnB) ficou marcada como uma trincheira dos opositores ao regime. Por isso, tornou-se alvo de interferências constantes do regime militar. Os colégios secundaristas, como o Elefante Branco, iniciavam adolescentes na política. A Igreja Católica, por meio do Centro Cultural Brasília (CCB), permitia reuniões sindicais e procurava informações de jovens presos. Os padres, aliados dos insurgentes, visitavam delegacias em busca de notícias de estudantes.

Locais que hoje fazem parte da arquitetura símbolo da democracia no país, como a Esplanada dos Ministérios, ou são pontos turísticos importantes para a população, como o Lago Paranoá, serviram, no passado, de espaços de detenções e interrogatórios acompanhados de torturas. O Conic e o Teatro Nacional deixaram as vocações culturais em alguns momentos e serviram à truculência do regime.

Reportagens relatam histórias de personagens que sofreram com o regime e organizaram oposição a ele na capital federal

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