Cidades

Lago Paranoá teria sido usado por militares para fuzilamentos na ditadura

Ex-líder estudantil transformou em livro as lembranças de fatos obscuros ocorridos no Distrito Federal

postado em 23/10/2013 06:00
Paixão diz não haver nada de concreto sobre os locais clandestinos
Durante a ditadura militar, as forças policiais usaram locais não oficiais para interrogatórios e torturas a fim de que seus atos fossem ainda menos passíveis de questionamentos. Em Brasília, existem histórias de que as margens do Lago Paranoá, grande ponto turístico da cidade, serviram a esse propósito. Teriam ameaçado jogar as vítimas da Ponte Costa e Silva com pedras amarradas ao corpo. Áreas de cerrado também teriam sido usadas com o mesmo objetivo, mas a promessa era de fuzilamento. Relatos indicam um prédio da Polícia Militar como um espaço de tortura.

Esse pedaço da história da atuação do regime em Brasília é ainda mais nebulosa do que o restante. De acordo com o professor Cristiano Paixão, coordenador da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília, é possível que o governo tenha se valido de pontos clandestinos, mas ainda não há nada concreto. ;É uma característica de outros estados que pode ter se repetido aqui. Combina com a maneira como a repressão se organizou no Brasil. Havia grupos que atuavam no submundo da repressão para evitar qualquer tipo de controle público;, explica. Em Petrópolis (RJ), a Casa da Morte ficou famosa pela quantidade e pela gravidade de torturas realizadas. Era uma residência particular.

O uso de locais privados a serviço da repressão precisa ser avaliada no Distrito Federal. ;Existiam núcleos mais ou menos autônomos tanto nas Forças Armadas quanto nas polícias pelo país. Ainda não temos indícios disso em Brasília;, disse Paixão. Para aprofundar as pesquisas no tema, o caminho é fazer o cruzamento dos depoimentos com os documentos do Arquivo Nacional. Além disso, outra possibilidade é aproveitar a parceria firmada com o Ministério da Justiça para acessar os arquivos da Comissão da Anistia da pasta.

Enquanto as pesquisas em documentos prosseguem, um relato forte pode indicar a prática de agressões fora das dependências das forças de segurança e justificar o apelido de ;anos de chumbo;. Alduísio Moreira de Souza se engajou na militância contra a ditadura muito cedo. Depois de preso e torturado, mudou-se de Brasília e transformou em texto as lembranças que não consegue expressar em palavras faladas.

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