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Com hits consagrados, Aerosmith levanta público no Estádio Mané Garricha

Veterana banda norte-americana encerra turnê brasileira para 25 mil pessoas



[SAIBAMAIS]Perto dali, um grupo de amigos também celebrava ocasião. Os amigos Caio Fontes, 13 anos e Vitor Caputo, 14 anos, estavam extasiados. ;Escuto rock desde sempre, conheço Whitesnake graças a meu pai;, diz Vitor, orgulhoso. Caio afirma que a influência veio do pai e do irmão mais velho e critica quem gosta de funk, pois segundo ele, ;quem curte não deve prestar atenção na letra;.

Com apenas 15 minutos de atraso, o Aerosmith subiu ao palco e em praticamente duas horas de show desfilou alguns sucessos para os fãs mais fiéis como Eat the rich, Love in an elevator, Dude (looks like a lady), Rag doll, Livin; on the edge e Walk this way. Belas e fiéis interpretações, de uma banda que permanece afiada no palco. Steven Tyler, ainda canta bem, só evita exagerar nos agudos, algo compreensível para quem já praticou muitos excessos e por mais que esconda, já está com seus 65 anos de idade

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No final das contas o show foi bom, mas longe de ser rotulado de inesquecível. Pois com a posição cada vez mais marginal do rock na mídia, se cada artista não se armar da melhor forma possível e não descarregar o seu próprio arsenal no público, a sensação de frustração é nítida.

O Aerosmith ganhou muita projeção no país nos últimos 20 anos, mas infelizmente dividiu seu setlist de uma forma heterogênea pelos seus 43 anos de carreira. Se o compartilhamento das músicas foi respeitosa sob o ponto de vista temporal, ao mesmo tempo, foi um pouco covarde. O grupo não procurou entender o que o público brasileiro mais gostava, simplesmente fez um show de turnê sem se preocupar com as particularidades de quem pagava o ingresso, como se o show fosse nos EUA, África do Sul ou Japão. Foi um erro grave. No bis, após as belas Dream on e Sweet emotion (ambas com cerca de 40 anos de execução), o show era para terminar. Tyler surpreende e cita algumas músicas para o público escolher. Mama kin (do álbum Aerosmith, de 1973) recebeu tímidos aplausos. Já Crazy (do popular Get a grip, de 1993) foi uma apoteose. O público deu a dica.

Certamente, I don;t want to miss a thing, Pink, Jaded, Cryin; e a dispensável cover de Come together (Beatles) agradou a todos, desde os mais fãs grisalhos até os jovens Vitor, Caio e Amanda. Mas a banda se esqueceu que o futuro dela depende deles e deixar de lado preciosidades como Fly away from here, Janie;s got a gun, Girls of Summer, Full circle e Hole in my soul pode custar caro no futuro.