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Solução para riscos na rede elétrica da Esplanada demoraria ao menos 2 anos

A própria CEB admite que as subestações instaladas nos ministérios são ultrapassadas e deveriam ser colocadas em áreas externas. Por se tratar de área tombada, seriam necessários pelo menos dois anos para resolver o problema

postado em 26/10/2013 08:02
Curto-circuito no Bloco R da Esplanada deixou 30 pessoas intoxicadas na quinta-feira: a maioria foi atendida no estacionamento do prédio
Os 17 prédios da Esplanada dos Ministérios escondem um risco iminente para as mais de 40 mil pessoas que circulam diariamente pelo local. As instalações da rede elétrica ficam no subsolo das construções e são consideradas muito antigas pela própria Companhia Energética de Brasília (CEB). Com isso, curtos-circuitos, como o ocorrido na última quinta-feira no prédio do Ministério das Comunicações e dos Transportes, podem se repetir. De novembro de 2012 para cá, ocorreram três casos de incêndio no centro da capital, um deles com morte.

Um grupo de trabalho formado pela CEB, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entre outros órgãos dos governos local e federal, discute a possibilidade da instalação de subestações externas, a cada dois prédios. A mudança, entretanto, depende de uma série de autorizações, por se tratar de área tombada. Após as licenças, são necessários ainda pelo menos mais dois anos para a conclusão das modificações.

Enquanto o problema não é solucionado, a CEB tem feito ações paliativas para evitar novos episódios. Equipamentos estão sendo substituídos e exaustores, instalados nos edifícios para não deixar a fumaça espalhar pelas salas e levar pânico aos frequentadores. No último acidente, 30 pessoas precisaram de atendimento médico ao inalar a substância tóxica. Do total, 18 foram encaminhadas ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O princípio de incêndio ocorreu em um cabo que interliga as instalações da CEB com as dos dois ministérios, mas as causas do superaquecimento ainda não foram identificadas. O equipamento foi substituído, e a previsão é de que, na próxima terça-feira, as atividades voltem ao normal.

A CEB informou que, dos 17 prédios onde funcionam os ministérios, 15 passaram por reformas. Falta ainda a conclusão do trabalho nos Ministérios das Comunicações e dos Transportes e dos Esportes, onde um técnico da companhia morreu em novembro do ano passado ao fazer um reparo na subestação. Segundo o diretor de Operações da companhia, Manoel Clementino, os trabalhos serão finalizados até a primeira quinzena de novembro. O custo total dos investimentos na Esplanada dos Ministérios é de R$ 10 milhões. Em todo o DF, foram aplicados R$ 600 milhões de 2011 para cá em melhorias na rede elétrica.

Para Clementino, a solução é retirar essas subestações de dentro do prédio. ;O local onde elas estão não permite a instalação de uma série de equipamentos mais modernos pela restrição civil da área. O que é possível modernizar, nós modernizamos, mas a solução depende de obras grandes e de autorizações. Após isso, o tempo de execução também é de, no mínimo, dois anos;, destacou.

O engenheiro elétrico e professor da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Moura Severino acredita que não há problema de os equipamentos ficarem no subsolo dos prédios ,;desde que recebam a manutenção adequada e estejam em ambientes devidamente ventilados;. ;É muito comum na Esplanada que esses transformadores fiquem nesses locais, afinal, é melhor que esses espaços abriguem máquinas em vez de pessoas. É assim no prédio do Supremo Tribunal Federal, no Palácio Planalto. Não tem como colocar do lado de fora do edifício, fica muito feio. Tem equipamentos de 30, 40 anos, em ótimas condições, enquanto outros, de 20 anos, não dão mais conta. Tudo vai depender das condições de conservação;, ressaltou.

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