Cidades

Sobreviventes de acidente em peregrinação que matou 10 sofrem com descaso

Dois anos depois de acidente que matou 10 pessoas de Santo Antônio do Descoberto (GO) durante peregrinação ao Santuário de Aparecida, sobreviventes ainda sofrem com a falta de assistência e de respostas por parte da Justiça

Adriana Bernardes
postado em 16/11/2013 07:45
Anatália lembra com detalhes do acidente no qual conhecidos morreram na sua frente, há dois anos: ela foi salva porque estava com cinto de segurança
Passados dois anos, a trágica peregrinação ao Santuário de Aparecida, no interior de São Paulo, está viva na memória dos moradores de Santo Antônio do Descoberto (GO). E não é só o luto pelos 10 mortos na capotagem do ônibus de turismo e a luta pela recuperação dos 12 feridos no acidente que assombram a população. O descaso das autoridades em elucidar os fatos e a falta de assistência às famílias alimentam a dor e desesperança na Justiça. A lembrança ocorre também uma semana após o acidente com um coletivo que levava jovens para uma festa próxima a Luziânia, e que acabou com a morte de duas adolescentes.

O descaso é tanto que nem mesmo as despesas para transportar e enterrar os mortos foram pagas até hoje. A funerária responsável pelo serviço ainda tenta receber da empresa de turismo os R$ 80 mil gastos com remoção, viagem, preparação e sepultamento das vítimas. ;Não vamos cobrar isso dos parentes, de jeito nenhum. A empresa de seguro do ônibus recusou-se a cobrir os gastos enquanto não saísse o laudo das causas do acidente. Não íamos permitir isso;, informou o gerente da funerária Renascer, Anderson Castelo.

A Polícia Civil de Pindamonhagaba (SP) também não concluiu o inquérito nem indiciou os responsáveis pela tragédia. O motorista do veículo e do dono da empresa nem sequer foram ouvidos. O laudo da perícia aponta que houve falha na segurança do sistema de frenagem. Também foi constatada falta de manutenção preventiva e falta de fiscalização, pela empresa, quanto ao uso do cinto de segurança obrigatório pelos passageiros. De acordo com uma fonte que pediu para ter o nome preservado, ainda falta ser cumprida uma carta precatória ; instrumento o qual os investigadores de uma cidade usam para colher depoimentos de vítimas em outra localidade ; e só depois os responsáveis pela empresa de ônibus e o organizador da viagem serão ouvidos.

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