Renato Alves
postado em 18/11/2013 06:05
Muito antes de Juscelino Kubitschek anunciar a construção de Brasília, loteamentos eram vendidos na futura capital do Brasil. A iniciativa partiu do intendente e latifundiário Deodato do Amaral Louly, logo após o então presidente Epitácio Pessoa mandar fincar a pedra fundamental no Morro do Centenário, a 9km de Planaltina, em 1922, à época, pertencente a Goiás. Nos anos 1930, terrenos em seis áreas onde viria a ser o Distrito Federal começaram a ser anunciados em todo o país, com o atrativo de que algum dia seriam parte da nova capital da República.
Os bairros se formariam em meio a fazendas. Planópolis ocuparia a Fazenda Bananal. Planaltinópolis, as fazendas Monjolo, Bom Sucesso e Lambari. Platinópolis, a Pipiripau. A Vila Federal, a fazenda Bom Sucesso. Já a Sociedade Anônima Planalto Central de Goiás, a fazenda Salvia. E a propriedade Nossa Senhora de Fátima, a Mestre d;Armas.
Apesar de muitos dos lotes terem sido negociados, os empreendimentos nunca vingaram. Com a desapropriação das terras rurais para a construção de Brasília, os loteamentos perderam de vez a chance de virarem bairros. Sentindo-se lesados, os compradores recorreram à Justiça. Alguns ainda lutam para provar a posse da terra, hoje ocupada por prédios públicos ou por condomínios residenciais.
Na Fazenda Bananal, por exemplo, foram erguidas a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes. Para os historiadores, os loteamentos de Deodato do Amaral são os primeiros casos evidentes de especulação imobiliária no DF. Passados mais de 80 anos, o Arquivo Público do DF (ArPDF) resgatou, tratou e digitalizou os mapas originais desses setores habitacionais. Em breve, estarão à disposição de todos.
Os mapas fazem parte do acervo de Altamiro de Moura Pacheco. Médico, farmacêutico, agropecuarista, escritor e empresário, ele presidiu a Comissão de Cooperação para Mudança da Capital Federal, entre 1955 e 1958. O grupo fez o levantamento e a desapropriação das fazendas compradas pelo governo de Goiás e repassadas à União para a construção do DF. Agora, como revelou ontem o Correio, técnicos do ArPDF recuperam o que restou do acervo. Em duas semanas de trabalho, historiadores identificaram ainda cartas e fotografias inéditas, entre outros. Elas estão entre os 6.154 itens recuperados na casa pertencente a Altamiro, em Goiânia, onde o acesso ao material é restrito.
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