Cidades

Contrato de R$ 8 mi do GDF está nas mãos das mesmas firmas há três décadas

Empresas contratadas por governos para a prestação de serviços detonam onda de denúncias entre si. O estopim da crise é um contrato mensal de R$ 8 milhões da Secretaria de Saúde do DF, que vem sendo renovado há quatro anos sem licitação

Simone Kafruni
postado em 18/11/2013 06:01
Uma guerra suja está sendo travada entre empresas que terceirizam serviços de limpeza para o setor público. A batalha vem sendo motivada por um contrato mensal de R$ 8 milhões da Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal (GDF), que, há três décadas, está nas mãos das mesmas firmas ;Dinâmica, APC, Juiz de Fora e Ipanema ; e há quatro anos é renovado emergencialmente, sem concorrência. O feudo passou a ser ameaçado por duas firmas, a Planalto Service e a Interativa, que têm ampliado sistematicamente as garras nesse filão, mesmo respondendo a vários processos na Justiça.

Na batalha na qual não há mocinhos, dado o histórico de golpes que marca a terceirização de serviços no setor público, cada uma das empresas quer mordiscar a maior parte de contratos possíveis, muitas vezes recorrendo a artifícios nada abonadores. E não há limites nessa disputa. Nas últimas semanas, uma série de documentos passou a circular, tanto no governo federal quanto no GDF, indicando possíveis irregularidades cometidas pela Planalto e pela Interativa. Até um boletim de ocorrência de acidente de trânsito está sendo usado para comprovar possíveis fraudes.

O Correio recebeu a maior parte desses documentos e checou a veracidade de cada um deles em todos os órgãos competentes, da Polícia Federal (PF), Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Senado Federal até os sindicatos do setor ; o Sindiserviços, dos trabalhadores, e o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação (Seac), dos patrões. Todos são autênticos. A documentação aponta supostas irregularidades da Planalto e da Interativa em recolhimentos de guias previdenciárias, falsificação de certidões para participar de licitações e processos trabalhistas ; alguns deles resultaram em abertura de inquérito pela PF.

Tanto Rita de Cássia de Sousa, dona da Planalto Service, e Izaias Junio Vieira, da Interativa, negam as irregularidades e se dizem vítimas de um complô, por estarem tentando quebrar um sistema de privilégios que suga, sem constrangimento, recursos públicos. ;Estamos incomodando muita gente. Por isso, surgiram documentos com denúncias, e-mails, ofícios de tudo que é lado, de processos antigos;, alega Junio, da Interativa. ;Eu sei quem está por trás disso;, afirma Cássia. Na avaliação dos dois, o contrato com a Secretaria de Saúde do GDF foi o pivô da crise. ;Nossos concorrentes sabem que temos condições de vencer a disputa. Meu funcionário custa R$ 2 mil, o deles, R$ 6 mil.

O Superior Tribunal de Justiça e o Ministério Público de Contas do DF abriram investigação contra a Planalto
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