postado em 25/11/2013 07:15
Na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital Materno Infantil (Hmib), o choro agudo de uma recém-nascida denuncia a abstinência de drogas. Ela é filha de uma viciada em cocaína. No mesmo local, outra grávida usuária de drogas espera o momento de dar à luz o filho. Provavelmente, o bebê também ficará internado com irritação, baixo peso e anemia. Nos últimos 18 meses, a unidade especializada nesse tipo de atendimento recebeu 50 mulheres com as mesmas características. O uso de entorpecentes durante o período gestacional lesa tanto a mãe quanto o feto. Os prejuízos são detectados não só nos primeiros meses de vida, mas durante todo o desenvolvimento da criança.
Apesar de ter um mês e 13 dias, Alice* pouco se desenvolveu desde que nasceu, quando estava com 37 semanas, 21 dias antes do previsto. Hoje, pesa 1,8 quilo. O ideal seria pelo menos 2,5 quilos. A mãe, uma mulher de 31 anos, é usuária de cocaína e teve gravidez de risco. As duas ficarão internadas no Hmib até que a menina ganhe peso e a equipe médica controle as crises de abstinência sofridas por ela. O tratamento consiste em acompanhar mães e filhos até que eles estejam recuperados. No caso de Alice, ainda não há previsão de alta.
A Síndrome de Abstinência Neonatal (SAN), normalmente, é desenvolvida por dois terços dos recém-nascidos de mulheres usuárias de drogas. Na maioria das vezes, as crises ocorrem entre o terceiro e o quinto dia após a última dose de substância utilizada pela mãe. ;Os pacientes apresentam hiperatividade, sucção exacerbada, tremores e choro agudo. É possível resolver sem medicação, a não ser quando se associa ao uso de múltiplas drogas e ao curto tempo entre o uso materno e o nascimento;, explica o neonatologista Paulo Margotto. O médico ressalta que 70% das manifestações ocorrem no sistema nervoso central do bebê. Os efeitos dos entorpecentes podem acompanhar os filhos de mulheres viciada até mesmo quando eles estão crescidos
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