Cidades

Distrito Federal tem 250 mil jovens desempregados

Na cidade onde o setor público se revela a melhor opção de emprego, as empresas temem investir em quem tem pouca ou nenhuma experiência. As famílias, por sua vez, preferem bancar a preparação dos filhos para disputar uma vaga na área governamental

postado em 30/11/2013 06:04
Nathalia Paloma só conseguiu uma vaga para dar aulas de reforço escolar
Quase metade dos cerca de 500 mil brasilienses entre 16 e 24 anos estão desempregados. Qualificação profissional incipiente e falta de oportunidades dificultam a inserção dos jovens no mercado de trabalho e tornam árdua a batalha pelo primeiro emprego. Enquanto a taxa de desemprego se manteve estável no Distrito Federal no último ano, com ligeiras variações em torno de 12%, o índice nessa faixa etária cresceu 4,5% desde setembro de 2012 e é mais do que o dobro do que o geral ; 28,1%, a mais alta do DF.

Os dados são da última Pesquisa do Emprego e do Desemprego (PED), que reúne as informações de setembro de 2013. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, 46.361 pessoas foram contratadas pela primeira vez pelas empresas do DF até o nono mês deste ano. Mesmo assim, 46,1% dos jovens entre 16 e 24 anos estão fora do mercado. Entre eles, estão os que estão desempregados, mas não buscam uma oportunidade porque ainda estudam, identificado pelos especialistas como desemprego oculto. Em Brasília, há ainda a grande atração pelo setor público. ;Mesmo em camadas mais humildes, a família prefere manter o jovem em um cursinho para que ele passe em um concurso. Então, ele termina o ensino médio e vai estudar em vez de procurar emprego;, observa a professora da Universidade de Brasília (UnB) Débora Baren, especialista em mercado de trabalho.

Estudante do segundo semestre de psicologia na Universidade de Brasília (UnB), Nathalia Paloma Rodrigues de Araújo, 18 anos, sofreu para encontrar a primeira oportunidade, mesmo tendo passado em segundo lugar no vestibular. Moradora do Gama, ela levou seis meses entregando currículos e se candidatando a vagas para os mais diferentes postos. Chegou a participar de duas entrevistas, mas, na primeira delas, o empregador exigia experiência e, na segunda, o horário de trabalho não era conciliável com as aulas na faculdade. ;No modelo de hoje, as empresas não avaliam apenas a formação acadêmica. Se não tem experiência, não serve;, reclama. Há seis meses, Paloma começou a dar aulas em uma escola de acompanhamento escolar, um emprego que não exigia experiência. Trabalha com outros 24 universitários (leia abaixo) e gosta tanto do emprego que pensa até em seguir carreira no magistério.

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