postado em 08/12/2013 08:00
Carlos Murilo Felicio dos Santos, 86 anos, não tem o peso do sobrenome Kubitschek, mas foi tão importante quanto o primo Juscelino para a concretização da mudança da capital do país para o Planalto Central. Sem ele, talvez, o projeto de Brasília teria enfrentado mais obstáculos no Congresso Nacional. Voz do presidente na Casa, impediu a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as obras que estavam a todo vapor em 1959 ; isso poderia atrasar a construção. Carlos Murilo chegou a tomar decisões em nome do presidente, sem nem mesmo consultá-lo, a fim de agradar aos colegas e aprovar a ideia. Fez mais: acompanhou JK em todas as viagens ao DF durante a construção e, depois, mudou-se para a nova capital.
O ex-deputado federal entrou para a política cedo, quando cursava direito na Universidade Federal de Minas Gerais. Foi no lar da família, em Diamantina, que, a partir dos 7 anos, surgiu a vontade de se tornar um político. A mãe era irmã do pai de JK. Por isso, acompanhava fascinado os encontros do primo com os aliados. ;Ele me incentivou a seguir a carreira, disse que precisava de mim ao seu lado. No segundo ano da faculdade, eu trabalhei na campanha de Juscelino para governador. O PSD (partido ao qual se filiou) cresceu entre os estudantes e fazíamos comícios pela cidade;, contou. Quando JK se mudou para Belo Horizonte e assumiu a prefeitura, Carlos Murilo seguiu com ele à capital para estudar.
Em 1954, assumiu uma cadeira de deputado estadual, também influenciado pelo primo. ;Ele (JK) me chamou um dia e disse para eu me preparar, que eu seria candidato. Perguntei o que devia fazer, e ele respondeu: ;Faz o que eu fiz;;. Depois, Carlos Murilo percorreu o caminho trilhado pelo parente e amigo. Percorreu as cidadezinhas em busca de votos. ;Naquela época, os deputados não tinham contato com o povo. Os caminhões paravam nas fazendas distribuindo quentinhas, e as pessoas não sabiam em quem votavam. O ex-presidente fez diferente, percorreu a cavalo casa por casa dizendo por que era candidato e, que se o cidadão não pudesse votar nele, que o fizesse para defender a democracia;, disse.
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