Cidades

Profissão de mototáxi é oficializada na Câmara, mas risco ainda é grande

Preocupação passa a ser com a preparação dos motociclistas. Segundo sindicato, mais de três mil pessoas prestam o serviço no Distrito Federal

postado em 14/12/2013 08:00

Mototaxistas de Sobradinho comemoram a decisão: com oficialização, eles esperam aumento de serviço

Responsáveis por transportar quase 30 mil pessoas diariamente, mototaxistas trabalham clandestinamente nas ruas do Distrito Federal há 20 anos. São mais de três mil pessoas que prestam o serviço sem obedecer a nenhuma regra de segurança. Em uma sessão de votações estendida na madrugada de ontem na Câmara Legislativa (CLDF), no entanto, a profissão foi oficializada. Os deputados distritais aprovaram o Projeto de Lei do Executivo n; 1.732, de 2013, que autoriza a atividade (leia mais sobre as votações nas páginas 20 e 21). A categoria comemorou o resultado em plenário, mas especialistas veem com preocupação a decisão, que pode aumentar a quantidade de motos e, consequentemente, o número de acidentes.

Se é difícil encontrar um mototaxista nas ruas do Plano Piloto, a atividade está bastante difundida em cidades como Vicente Pires, São Sebastião e Sobradinho. O serviço surgiu no DF em 1995 e tem ganhado cada vez mais passageiros por ser uma alternativa mais rápida e econômica. Mas a falta de regulamentação, controle e preparo dos condutores pode ser uma combinação fatal no trânsito. A quantidade de acidentes com morte em que há o envolvimento de motocicletas representa 32,2% dos casos no DF. De janeiro a setembro deste ano, houve 81 colisões fatais com motos e 68 condutores dos veículos sobre duas rodas perderam a vida, de acordo com dados do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF).



O projeto de lei do executivo foi entregue à Câmara Legislativa no início de dezembro para votação. Tramitou na Casa em regime de urgência. A partir de agora, o governo tem 90 dias para regulamentar a lei. De acordo com a proposta, o serviço tem que ser prestado por profissionais autônomos que deverão passar por um processo seletivo. Os condutores precisam ter, no mínimo, 21 anos e Carteira Nacional de Habilitação (CNH) da categoria A há pelo menos dois anos (veja De olho).

Para o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, do ponto de vista da segurança, o serviço de mototáxi não deveria existir. ;É mais perigoso porque, em qualquer outro veículo, a gente fica dentro, protegido. Na moto, não. Você está em cima e exposto;, explica. Mas, como a atividade existe há muito tempo, ele reconhece que é preciso haver fiscalização para evitar danos. ;Regulamentado o serviço, pode haver um estímulo à prática. Antes, por ser clandestino, as pessoas não se arriscavam tanto. Mas é preciso ter mecanismos para reduzir os riscos, como impedir que os condutores façam viagens muito longas para não ficarem exaustos, por exemplo.;

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