Pai de 17 filhos, o tratorista Carlito Miguel da Silva, 56 anos, mora em uma casa de madeirite na periferia de Juazeiro do Norte, na Bahia. ;Aquela cidade da música do Luiz Gonzaga;, conta ele, com orgulho. Há 34 anos, no entanto, sempre nas últimas semanas de dezembro, ele troca a casa simples pelas ruas da capital do país. Volta para a Bahia dias depois, com algumas cestas básicas e, se tiver sorte, presentes para os filhos. Assim como Carlito, com a proximidade do Natal, centenas de famílias optam pelas ruas brasilienses com a esperança de receber doações e esmolas mais generosas.
;É um fenômeno antigo. No fim do ano, além da população de rua sazonal, que vem de outras cidades, outros deixam os espaços reservados e tornam-se visíveis. Procuram locais de grande circulação de pessoas, como feiras e centros urbanos, e onde a população tem maior poder aquisitivo, como Plano Piloto, Sudoeste e Taguatinga;, explicou Meire Lia, diretora da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest).
A orientação da Sedest é de que a população faça as doações aos órgãos de atendimento à população vulnerável. ;Mesmo quem se coloca em situação de rua por alguns dias precisa de atendimento. Eles também são carentes. Nas unidades, nós colocamos as pessoas em contato com as políticas de apoio que as atendam, seja aqui, seja na cidade onde vivem. Essa é a única diferença entre o atendimento comum e o da população de rua sazonal;, explicou Meire.
Um vizinho foi quem sugeriu a Carlito que passasse o fim de ano longe de casa. ;Ele disse que aqui era tudo mais fácil, que as pessoas ajudam a gente. Eu vim, voltei com uns sacos de feijão, fiquei muito feliz, a família também gostou. Comecei a vir todo ano;, lembra o tratorista. Instalado sob uma mangueira no canteiro do Eixo Monumental, Carlito revira o lixo em busca de latinhas e restos de alimentos.
A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique