Após quase 45 horas de julgamento e penas que, somadas, chegam a 115 anos, o triplo assassinato da 113 Sul pesa ainda mais sob a responsabilidade de uma pessoa que nem sequer sentou no banco dos réus. Adriana Villela, 49 anos, filha do casal morto em 28 de agosto de 2009, e acusada de participação no crime, foi uma das principais personagens citadas por réus e testemunhas ao longo dos quatro dias do primeiro julgamento do Caso Villela. Depoimentos e teses levantadas pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) evidenciaram que não houve um latrocínio (roubo com morte). Na verdade, ocorreu um minucioso planejamento de pelo menos seis meses. Para os promotores e delegados à frente da investigação, não há dúvida de que se trata de homicídios com mandante.
Entre os indícios que ligam Adriana aos criminosos condenados ontem, está a carta escrita por um ex-cunhado de Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do Bloco C, em 2009 ; o réu foi condenado a 60 anos de prisão. Francisco Mairlon, por sua vez, pegou 55 anos de detenção.No documento, Neilor Teixeira relata que foi convidado por Leonardo para matar ;um casal de velhos, a mando da filha, em Brasília;. Se aceitasse, teria muito dinheiro, a ponto de ele não precisar trabalhar nunca mais. O homem teria negado por se tratar ;de pessoas muito poderosas;. Os quatro delegados ouvidos no julgamento, entre eles um de Minas Gerais, têm certeza de que o ex-funcionário do prédio dos Villelas fez o convite ao ex-cunhado a pedido de Adriana.
Mabel de Faria, ex-Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), lembrou que a proposta foi feita em fevereiro de 2009 ; 180 dias antes de o ex-ministro do TSE, José Guilherme Villela; a mulher dele, Maria; e a empregada da família, Francisca Nascimento serem assassinados com 73 facadas, no apartamento do casal. ;No mesmo mês, Adriana e a mãe (Maria) tiveram uma briga, com agressão física, porque Adriana queria dinheiro. A discussão foi registrada em uma carta escrita por Maria;, lembrou Mabel. O tempo entre o convite a Neilor e o triplo assassinato fizeram a polícia concluir pela premeditação do crime. A delegada ressaltou que a influência da arquiteta era tão grande a ponto de os primeiros investigadores do caso cometerem irregularidades para não envolvê-la no crime.
O delegado Julião Ribeiro, também da equipe da Corvida à época, colheu depoimentos dos três réus. Ribeiro, hoje aposentado, fez questão de expor aos jurados a participação da arquiteta no assassinato dos próprios pais. ;O Paulo (Santana, um dos réus) contou, com detalhes, que ela estava na cena do crime. Foi vista pelo pai, que se espantou com a presença da filha. Mesmo assim, ela disse que queria que ele morresse e fosse para o inferno;, contou o investigador.
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