postado em 24/12/2013 10:27
O primeiro ônibus, com presos beneficiados pelo saidão de Natal, saiu às 9h22 desta terça-feira (24/12) do Complexo Penitenciário da Papuda com destino à Rodoviária do Plano Piloto. O clima era de euforia no veículo lotado. Uma das primeiras palavras gritadas por um dos detentos foi "feliz Natal" e "o mensalão tá aí". Pelo menos 1.328 presos no Distrito Federal - de um total de aproximadamente 13 mil - terão direito ao benefício, segundo dados da Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP/DF).
Para manter a ordem durante uma parada para receber escolta, os agentes penitenciários, fortemente armados, mandaram os presos se sentarem corretamente nos bancos e não colocarem a cabeça para fora da janela.
Os principais condenados pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão estão presos na Papuda desde 15 de novembro. Como eles não cumpriram o mínimo de um sexto da pena, não têm direito ao benefício de passar o Natal com a família. "A gente se cruza lá dentro. Ficamos na ala do lado da deles. Mas eu vou falar uma coisa para você: não gosto dos camaradas. Eles são os verdadeiros serial killer do país", afirmou José Mourão Farias, de 63 anos, um dos contemplados pela liberação da penitenciária.
Mourão não quis comentar sobre os crimes que teria cometido para estar preso. Disse apenas que está detido há 3 anos e 3 meses. "Agora só falta um ano", comemorou, ao ver o filho que o aguardava em um carro do lado de fora do complexo. Segundo ele, a maioria dos presos da ala em que ele fica trabalha durante o dia e, por isso, eles veem pouco os condenados do mensalão.
Algumas pessoas que foram até a porta da Papuda receber os parentes se decepcionaram ao ver que eles não estavam na primeira leva de presos. Algumas mães choraram achando que os filhos não viriam mais. Porém, outros ônibus saíram do complexo.
O benefício é concedido aos internos que tenham entrado no regime semiaberto até 24 de novembro de 2013, com autorização para saídas temporárias, e aos que têm trabalho externo efetivamente implementado. "Estou muito feliz com a saída do meu irmão. É o primeiro saidão dele em quatro anos de prisão. Vamos passar o natal com a família", contou uma irmã que preferiu não se identificar.