postado em 25/12/2013 07:30
Brasília, a cidade nova, só poderia depender de imigrantes a fim de, um dia, formar um povo para chamar de seu. E eles vieram. Tocaram obras, subiram prédios, plantaram jardins, abriram comércios, formaram escolas. Trouxeram raízes de outros cantos brasileiros e também de recantos distantes a perder de vista mundo afora. Na nova capital, constituíram comunidades dedicadas a reproduzir aqui hábitos, comidas e músicas trazidas de onde vieram. Quando chega o tempo de celebrar o Natal, afloram as tradições particulares de cada cultura, seja cearense, seja libanesa. Mas também se misturam para formar, aos poucos, um costume brasiliense, tão diverso quanto o de seus criadores.
Projetada por Oscar Niemeyer e frequentada principalmente por cristãos árabes, a Igreja Ortodoxa de São Jorge, no Lago Sul, traduz como Brasília reage bem à mescla. É ali um ponto de encontro da congregação em 24 e 25 de dezembro. As missas comandadas pelo padre mineiro Valério Lopes, 79 anos, lembram a importância do nascimento de Jesus Cristo. Invariavalmente, lá começa o Natal dos fiéis.
Amer Nasr não pode fazer no Brasil como se fazia na pequena Harouk, cidade no extremo norte do Líbano, onde nasceu e viveu antes de seguir os passos dos irmãos e tentar a vida na América do Sul. No vilarejo, no dia de Natal, todos se reúnem em volta de um enorme pinheiro na praça e trocam presentes sob a neve do inverno. Mas o comerciante de 64 anos, mais de 40 deles vividos no Brasil, dá continuidade aqui às tradições que trouxe consigo do país de origem. ;Toda a família se reúne na casa do patriarca ou da matriarca da família. A minha mãe servia os filhos individualmente. Ela sabia o que cada um gostava. É uma característica do nosso povo essa união familiar;, conta. Ele é um dos mais ativos fiéis da Igreja de São Jorge, assim como a mulher, Mona, e a filha Mirelle.
Como seria, então, a ceia de Natal em uma casa árabe? ;Comida brasileira e comida árabe. E vinho. O que não pode faltar mesmo são os doces árabes;, diz Nadia Obeid, aeroviária aposentada, 64 anos. Nascida em Safita, na Síria, ela é uma das vozes entoadas nos belos cantos que acompanham o ritual ortodoxo. A mistura de culturas é uma maneira de homenagear o Brasil, que os acolheu, e a Síria, onde nasceram. ;Somos brasileiros e brasilienses de coração, mas não podemos nos esquecer de onde viemos. Temos raízes e o nosso papel é mantê-las vivas para as próximas gerações;, explica Nádia.
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