Cidades

Falta de vagas para internação de jovens faz com que eles voltem às ruas

Eles são liberados horas depois de praticarem homicídios, sequestros, roubos e estupros. Situação leva à descrença das autoridades

postado em 28/12/2013 07:06

Enquanto o vigilante de 50 anos ainda fazia o exame de corpo de delito por ter sido sequestrado e espancado em Luziânia

Sentado em uma cadeira da Delegacia de Atos Infracionais (Depae) de Luziânia, Caio*, 17 anos, encarava os policiais de forma irônica. Principal suspeito de roubar, sequestrar e espancar um vigilante, o garoto não parecia se importar em passar algum tempo atrás das grades. E ele tinha razão. Menos de sete horas após ser apreendido, o adolescente deixava a unidade policial pela porta da frente. Ganhou a liberdade antes mesmo de os PMs e a vítima resolverem os problemas burocráticos relacionados ao ato infracional cometido pelo acusado.



O desfecho revoltou o vigilante, a família dele e os policiais envolvidos na captura do adolescente, mas está longe de ser o único caso no Entorno. Desde maio, estima-se que, de cada 10 jovens em conflito com a lei, detidos por praticarem atos infracionais graves, apenas três acabem internados. Isso porque a Justiça de Goiás não encontra vagas. A partir de hoje, o Correio mostra, por meio da série de reportagens ;Jovens sem lei;, a situação em uma das regiões mais violentas do país.

Em muitas cidades vizinhas à capital federal, há centenas de meninos e meninas autores de latrocínios, homicídios, roubos e estupros que não foram encaminhados para o cumprimento de medidas socioeducativas porque não há espaço para abrigá-los. No Entorno, existem dois estabelecimentos especializados em receber adolescentes infratores, um em Formosa e outro em Luziânia. O primeiro tem 80 vagas, e o segundo, 60. Em dezembro de 2012, o governo estadual autorizou a reforma de algumas alas do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Luziânia. A obra deveria durar três meses, mas atrasou.

* Nomes fictícios em respeito ao ECA

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