Cidades

PMs são investigados suspeitos de abusos em castigos para adolescentes

Sem a legal punição a crianças e adolescentes apreendidos no Entorno, MP apura abusos em castigos que vão de agressões leves a torturas. Região vizinha à capital federal tem deficit de centros de internação e de agentes

postado em 29/12/2013 07:05

Adolescente de 17 anos apreendido no início do mês após roubar uma chácara na Cidade Ocidental: solto por falta de vagas

A ausência de vagas para internar adolescentes infratores tem remetido o Entorno à época do faroeste. O Ministério Público de Goiás investiga, em vários municípios goianos vizinhos ao Distrito Federal, denúncias contra policiais militares que passaram a fazer justiça com as próprias mãos. Sob o argumento de que ;enxugam gelo; ao levarem jovens envolvidos com crimes às delegacias, agentes de Goiás usam matagais e ambientes ermos para espancar rapazes com menos de 18 anos. Como os casos tratam de garotos e garotas em conflito com a lei, eles seguem sob sigilo.

Nas ruas, nenhum PM assume bater em nome da lei, mas eles admitem que a prática não é rara entre os colegas de farda. ;Apesar de muito desestimulado com essa situação, procuro fazer o meu trabalho, respeitando todo mundo. Mas já ouvi dizer que alguns policiais estão usando desse artifício (bater) quando pegam moleques aprontando;, disse um sargento. ;É uma forma que alguns colegas encontram para que esses garotos abusados nos respeitem;, reforçou um cabo.



Por meio da série Jovens sem lei, o Correio mostra, desde ontem, que a população e as autoridades do Entorno não sabem o que fazer para punir adolescentes acusados de roubos, homicídios, latrocínios e outros crimes bárbaros. Os dois centros de internação da região não comportam a demanda de meninos e meninas envolvidos com crime.

O coordenador do Programa do Entorno do Distrito Federal, promotor Bernardo Boclin, acusa o governo de promover a desordem nos municípios goianos vizinhos a Brasília. ;Essas situações, inadmissíveis numa sociedade organizada, demonstram que retrocedemos pelo menos 2 mil anos. Quando o governo permite que os conflitos sejam resolvidos no ;olho por olho, dente por dente;, parte da população e parte dos agentes públicos começa a resolver os problemas por conta própria. Isso é muito temerário;, afirmou. O Ministério Público goiano em Águas Lindas abriu diversos procedimentos para investigar os PMs locais.

A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação