A ausência de vagas para internar adolescentes infratores tem remetido o Entorno à época do faroeste. O Ministério Público de Goiás investiga, em vários municípios goianos vizinhos ao Distrito Federal, denúncias contra policiais militares que passaram a fazer justiça com as próprias mãos. Sob o argumento de que ;enxugam gelo; ao levarem jovens envolvidos com crimes às delegacias, agentes de Goiás usam matagais e ambientes ermos para espancar rapazes com menos de 18 anos. Como os casos tratam de garotos e garotas em conflito com a lei, eles seguem sob sigilo.
Nas ruas, nenhum PM assume bater em nome da lei, mas eles admitem que a prática não é rara entre os colegas de farda. ;Apesar de muito desestimulado com essa situação, procuro fazer o meu trabalho, respeitando todo mundo. Mas já ouvi dizer que alguns policiais estão usando desse artifício (bater) quando pegam moleques aprontando;, disse um sargento. ;É uma forma que alguns colegas encontram para que esses garotos abusados nos respeitem;, reforçou um cabo.
Por meio da série Jovens sem lei, o Correio mostra, desde ontem, que a população e as autoridades do Entorno não sabem o que fazer para punir adolescentes acusados de roubos, homicídios, latrocínios e outros crimes bárbaros. Os dois centros de internação da região não comportam a demanda de meninos e meninas envolvidos com crime.
O coordenador do Programa do Entorno do Distrito Federal, promotor Bernardo Boclin, acusa o governo de promover a desordem nos municípios goianos vizinhos a Brasília. ;Essas situações, inadmissíveis numa sociedade organizada, demonstram que retrocedemos pelo menos 2 mil anos. Quando o governo permite que os conflitos sejam resolvidos no ;olho por olho, dente por dente;, parte da população e parte dos agentes públicos começa a resolver os problemas por conta própria. Isso é muito temerário;, afirmou. O Ministério Público goiano em Águas Lindas abriu diversos procedimentos para investigar os PMs locais.
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