Cidades

Residencial em Caldas Novas interdita piscinas onde ocorreram acidentes

Ministério Público de Goiás, em Caldas Novas, recomenda ainda o fechamento de todo o parque aquático

Luiz Calcagno
postado em 16/01/2014 16:02 / atualizado em 19/10/2020 17:36

Parque aquático do Privé das Thermas: risco aos visitantes, segundo o MPO Condomínio Privé das Thermas se adiantou ao Ministério Público do Goiás, em Caldas Novas (GO), e interditou duas piscinas do parque aquático. Foram nesses reservatórios que ocorreram dois acidentes envolvendo turistas brasilienses no início do ano. O mais grave deles aconteceu em 1º de janeiro, quando o menino Kauã Davi de Jesus Santos, 7 anos, morreu após ter o braço sugado pelo ralo do tanque infantil. Oito dias depois, o morador de Taguatinga Josias Andrade, 43, ficou com a perna presa no sistema de escoamento e fraturou a tíbia.

Apesar da medida adotada pelo resort, o responsável pela 2ª Promotoria do município goiano, Giordane Naves, acredita que ela não é suficiente. O promotor emitirá uma recomendação para que a administração do residencial interdite todo o complexo aquático. Os tanques só deverão ser liberados quando os donos do local apresentarem um laudo técnico atestando a segurança dos equipamentos. Porém, até a publicação desta matéria, o pedido do órgão ainda não havia sido entregue aos representantes do condomínio. “As piscinas estão desativadas, mas as demais estão funcionando. Após a notificação, a suspensão dos serviços será imediata”, explicou Giordane.


'A princípio, é um avanço, mas eu acho que eles têm de fazer muito mais do que isso. Precisam oferecer segurança aos usuários', diz Josias Andrade, morador de Taguatinga  que se acidentou em condomínio de Caldas NovasCaso a determinação do Ministério Público goiano não seja considerada, ainda de acordo com o promotor, a Justiça será acionada. Com isso, os administradores do Privé das Thermas poderão ser multados, e o parque aquático, lacrado. Para ele, o condomínio tem de prestar esclarecimentos, já que ocorreram dois acidentes graves em um curto espaço de tempo.

Josias Andrade considerou o fechamento das piscinas “uma boa iniciativa”. “A princípio, é um avanço, mas eu acho que eles têm de fazer muito mais do que isso. Precisam oferecer segurança aos usuários”, reclamou. O administrador pretende acionar a Justiça contra o residencial. Acrescentou que vai procurar a família de Kauã.

No último dia 14, o Privé das Thermas emitiu uma nota, na qual informou que o incidente com o morador de Taguatinga está em apuração e que Josias prendeu o pé na tubulação “após retirar o ralo de proteção, talvez por descuido ou pondo à prova a resistência (do equipamento)”. A vítima reclamou do teor do texto e alegou se sentir caluniada pelos donos do local. “Eles estão dizendo que foi sabotagem minha. Como vou passear com a minha família longe de casa e fazer uma besteira dessas? Na próxima semana, acionaremos um advogado”, garantiu.

Caso Kauã

A delegada Tereza Daniela Nunes, responsável pelo caso do garoto Kauã, afirmou ao Correio que ainda está ouvindo a administração do Privé das Thermas e testemunhas. Ela aguarda o resultado dos laudos da perícia da Polícia Civil goiana para tomar uma medida. Questionada sobre quem seria o responsável pela morte do menino, informou que, “por enquanto”, não comentará o assunto. “Só falaremos sobre indiciamento quando encerrarmos todas as oitivas, com os laudos nas mãos e sem nenhuma dúvida”, explicou.

A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) alerta que afogamento é a segunda causa de morte de crianças com idade entre 1 e 9 anos no Brasil. Segundo um levantamento da entidade, mais da metade desses casos acontece em piscinas. No Distrito Federal, até outubro do ano passado, o Corpo de Bombeiros atendeu 53 ocorrências desse tipo. A corporação também realizou 317 ações de prevenção contra acidentes aquáticos na capital federal.

Assista à reportagem da TV Brasília


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