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Tragédia com raio em São Paulo deixa brasilienses em alerta

A morte de uma turista em São Paulo expõe a necessidade de cuidados, especialmente no verão, quando aumentam as chuvas e a incidência de descargas elétricas. O DF é a 12ª unidade da Federação com mais ocorrências do fenômeno

postado em 17/01/2014 08:19
A morte de uma turista em São Paulo expõe a necessidade de cuidados, especialmente no verão, quando aumentam as chuvas e a incidência de descargas elétricas. O DF é a 12ª unidade da Federação com mais ocorrências do fenômeno
O Brasil é o país com a maior incidência de raios no mundo, com quase 60 milhões de descargas atmosféricas por ano. Por estar em uma região de Planalto e ter um longo período de seca, Brasília não está entre as cidades mais atingidas pelo fenômeno, segundo especialistas. De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Distrito Federal caem anualmente, em média, 6,19 raios por km2. O valor é considerado médio e deixa a capital apenas em 12; entre as unidades da federação (veja Ranking). Mesmo assim, é preciso ficar atento, durante as chuvas, para não correr o risco de ser atingido por uma descarga elétrica.


A tragédia com a vendedora Rosângela Biavati, 36 anos, atingida por um raio na última segunda-feira, na praia da Enseada, no Guarujá (SP), expõe os perigos deste fenômeno da natureza, principalmente no verão, quando aumenta a sua incidência por conta do maior volume de chuvas. No DF, assim como no Entorno, alguns casos de morte já foram registrados em decorrência do fenômeno (Veja Memória). No Brasil, morrem 130 pessoas vítimas de descargas atmosféricas por ano. Relatórios do Inpe revelam que, de cada 50 óbitos com essa causa, um é registrado no país. Além das vítimas, cerca de 500 pessoas ficam feridas anualmente.

Para o físico do instituto Osmar Pinto Júnior, especificamente no DF, as pessoas precisam ter cuidados ao circular em locais como o Parque da Cidade, durante uma chuva com relâmpagos. Caso comece um temporal, o procedimento a seguir, segundo ele, é procurar um abrigo longe das árvores. ;Normalmente, quando se tem chuva, as pessoas vão para debaixo de uma árvore para buscar proteção e não se molharem. Elas devem fazer o contrário, afastar-se das árvores para buscar abrigo;, comentou.

Osmar explicou que os raios normalmente acertam alvos altos ou objetos condutores de eletricidade. A altura das árvores favorece que a descarga vá sobre elas e quem estiver em baixo pode ser atingido. ;Se as pessoas estiverem em um parque e começar a chuva, devem correr para alguma área fechada, como um banheiro, ou então ir para um carro não conversível. Assim, estarão protegidas;, explicou o físico.

Área rural

De acordo com o Inpe, grande parte das fatalidades acontecem em área rurais. Osmar comentou que as pessoas que trabalham nessas regiões devem ficar atentas às mudanças climáticas. ;Esses trabalhadores não podem ficar expostos com pá ou enxada na mão. São instrumentos perigosos, que atraem os raios.;

O físico do Inpe explicou que a quantidade apenas média de raios na capital se deve, principalmente, ao fato de o DF estar localizado em uma área plana e, principalmente, por apresentar umidade baixa por um grande período do ano. ;Brasília não tem montanhas, que facilitam a geração de raio. Em regiões planas, é mais difícil a formação de raios. Isso diminui a ocorrência na capital;, explicou.

Ranking

Veja as unidades da Federação
mais atingidas por raios

UF Ocorrências anuais por km2
1) Rio Grande do Sul 18,38
2) Santa Catarina 12,33
3) Mato Grosso do Sul 11,88
4) Paraná 11,36
5 )Rio de Janeiro 9,83
6 )São Paulo 9,29
7) Tocantins 8,54
8) Mato Grosso 7,54
9) Goiás 7,38
10) Amazonas 7,00
11) Rondônia 6,45
12) Distrito Federal 6,19

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Memória

3 de abril de 2012
O agricultor Antônio Romário Marques de Sousa, 18 anos, morreu após sofrer uma descarga elétrica enquanto trabalhava na lavoura. A tragédia ocorreu em uma chácara no Incra 9, em Brazlândia. O irmão da vítima, Wagner de Sousa Freitas, 16, também foi atingido. Funcionários da chácara chamaram o Corpo de Bombeiros, mas socorristas disseram que o jovem morreu na hora. Segundo testemunhas, o raio atingiu em cheio a cabeça e o tórax de Antônio. O impacto foi tão forte que a sola das botas de borracha ficou parcialmente derretida e a roupa da vítima rasgou.

2 de novembro de 2011
Em Águas Lindas (GO), uma partida de futebol terminou em tragédia. Por volta das 16h, cerca de 10 garotos se divertiam em um campo improvisado no Setor de Mansões Ilha Bela, quando um raio atingiu três deles. Dois morreram na hora, e o outro foi socorrido. Moradores da região chamaram o Corpo de Bombeiros, mas três brigadistas chegaram primeiro ao local e prestaram atendimento às vítimas. Eles tentaram reanimar Alex Lima de Freitas Silva, 15 anos, e Francisco Jonathas Prada Sousa, 16, durante 30 minutos, mas não tiveram sucesso.

14 de março de 2009
A queda de um raio próximo ao cais da casa de festas Porto Vittoria (foto), por volta das 12h50, matou o empresário Alexandre Costa Gagliardi, 36 anos, filho do dono do espaço de eventos. Alexandre andava de jet ski no lago, segundo informações repassadas pelos funcionários do estabelecimento aos bombeiros, quando a tempestade começou. Ao voltar ao cais, foi atingido pela descarga elétrica causada pelo raio, que pode ter caído no lago ou no píer, segundo os bombeiros. Empregados da casa de festas e um médico que estava no local tentaram reanimar Alexandre. O homem chegou com vida ao Hospital de Base, mas morreu em seguida.

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