Cidades

Agricultura do DF esbarra no impasse da questão fundiária para crescer

Segundo a pasta que cuida da área, cerca de R$ 132 milhões anuais em empréstimos são perdidos

Flávia Maia
postado em 22/01/2014 06:03

Valter e Idelino acreditam que o armazenamento não acompanhou a tecnologia que aumentou a produção na cidade

Com índices de produtividade de dar inveja a grandes estados agrícolas brasileiros, a agricultura do Distrito Federal esbarra na questão fundiária para crescer, tornar-se ainda mais forte e presente na economia local. Em razão do problema de titularidade da terra, os produtores brasilienses perdem até R$ 132 milhões anuais em crédito rural, segundo estimativas da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Atualmente, 85% das propriedades agrícolas do DF têm título precário. Sem poder fornecer a terra como garantia, os bancos protelam e até negam aos produtores financiamentos para investimentos fixos, como silos, secadoras de grãos e sala de máquinas.



É a situação que vive a Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp), localizada na zona rural de Planaltina, e que espera desde dezembro de 2012 a liberação de R$ 3,5 milhões para a ampliação do silo existente. A região é uma das principais produtoras de grãos do DF, como milho, soja e feijão. Em dezembro de 2012, a cooperativa requisitou um empréstimo no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), com juros subsidiados de 3,5%, e até hoje não recebeu resposta sobre o financiamento. Os recursos são do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e instituições financeiras parceiras.

O presidente da Coarpa, Valter Baron, e Idelino Ebany, diretor da cooperativa, contam que o silo atual foi construído há 20 anos, quando a produção era de 300 sacos por dia. Hoje, são 3 mil diários. ;O armazenamento precisa acompanhar as novas tecnologias, que estão aumentando nossa produção;, afirma Valter. Sem a linha de crédito para construir o novo silo e a sala de secagem, a cooperativa precisa vender tudo logo após a colheita, uma vez que não é possível estocar para as épocas em que não há produção de grãos. É como se uma pessoa fizesse uma grande compra de alimentos para casa e tivesse que doar parte do que foi comprado porque a geladeira é pequena. ;Sem o silo, vendemos a nossa produção para estados do Nordeste e para o Espírito Santo, caso contrário, o grão apodrece. Porém, mais tarde, as empresas do DF que precisam de milho, como as granjas, são obrigadas a comprar dos estados que conseguem armazenar. Isso encarece a produção;, analisa Valter.

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