No meio da missa, enquanto o padre consagra o pão e o vinho no altar, a comunidade que lota o templo põe a mão no bolso, embalada por músicas liturgicamente pensadas para aquele momento. É a hora do ofertório, do despojamento. Na igreja primitiva, os fiéis ofereciam roupas e comidas para serem repartidas entre os mais pobres. Hoje, colocam-se moedas e cédulas nas cestinhas, como gesto de entrega, de agradecimento e de apoio às atividades da paróquia.
Cada igreja católica tem autonomia para administrar seus recursos, segundo o Código de Direito Canônico, o conjunto de normas que rege o catolicismo em todo o mundo. Em tese, um conselho formado por leigos ; e voluntários ; deve ajudar os padres a gerir os bens, o que nem sempre dá certo. Por mais bizarro que pareça, não é raro sacerdotes sentirem falta do dinheiro da coleta. ;É complicado, porque é dinheiro vivo, solto;, observa o padre de uma das paróquias mais ricas de Brasília.
Somente na capital do país, em média, cada um dos 132 templos católicos arrecada, por mês, cerca de R$ 15 mil com ofertas e dízimos, totalizando quase R$ 2 milhões. Em áreas pobres, como a Fercal e a Estrutural, o montante mensal não passa de R$ 6 mil, insuficiente para bancar as despesas e ainda construir a casa dos padres. Em lugares mais nobres, como nos lagos Norte e Sul, onde existe toda uma estrutura paroquial consolidada, a arrecadação mensal chega a R$ 70 mil.
Como ponto fora da curva, uma igreja de Taguatinga busca sustentar uma receita mensal na casa dos três dígitos. Nas periferias, embora o volume de ofertas seja bem inferior, um número maior de fiéis contribui, e com mais frequência. ;A classe média está endividada e só doa o que sobra do orçamento. O pobre dá o que lhe é parte;, compara um frade conventual, lembrando a passagem bíblica em que uma viúva pobre entrega as duas únicas moedas de cobre que tinha e recebe os elogios de Jesus.
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