A foto tirada ao lado de um golfinho, em Cancún, no México, revela um pouco da luxuosa vida que Roanei Pereira do Prado levava. Integrante de uma quadrilha de estelionatários desarticulada na semana passada, o homem, de 32 anos, e quatro comparsas viajavam o mundo e frequentavam as festas mais badaladas do Brasil. Todas as regalias eram pagas com o dinheiro de outras pessoas. O grupo tinha um membro infiltrado em um posto de gasolina da Asa Sul que roubava dados de cartões de crédito de clientes e compravam sem limites na internet. O esquema alcançou R$ 2 milhões em apenas seis meses.
O golpe aplicado pelo bando é mais comum do que se imagina. Nos últimos dois anos, 10 mil pessoas no Distrito Federal tiveram cartões fraudados, média de 13 casos por dia (veja Arte). A Polícia Civil acredita que a organização criminosa presa na Operação Contrare, desencadeada pela Coordenação de Repressão a Fraudes (Corf), seja responsável por boa parte dessas ocorrências. ;Como as estatísticas demonstram, recebíamos mais de 10 queixas diárias. Após a operação, esse índice caiu a zero, pelo menos nos três dias subsequentes à Contrare;, frisou o chefe da Corf, delegado Jefferson Lisboa.
A reportagem do Correio teve acesso aos detalhes da investigação, que durou seis meses. No período, os agentes descobriram que os integrantes da organização criminosa gostavam de ostentar com o dinheiro sujo. Roanei tinha o costume de usar o dinheiro de plástico fraudado para se divertir. Numa imagem divulgada pela polícia, ele aparece despreocupado em frente a uma fachada de um dos hotéis mais luxuosos de Cancún. Em outra, se exibe com um golfinho.