postado em 29/01/2014 06:04
Na entrada de um prédio residencial em Águas Claras, um cartaz chama a atenção dos frequentadores. ;Cuidado: ladrão de condomínio. Ele finge ser amigo dos moradores;, escreveu o porteiro e zelador José Raimundo, 51 anos, sob a foto de Gabriel Felipe da Silva Dantas, 18 anos. ;Os colegas me contaram e eu resolvi pregar para todo mundo ver. Ele já enganou muita gente;, conta Raimundo. Sempre simpático e bem vestido, Gabriel possui dezenas de passagens pela polícia, a maioria por aplicar golpes. Só em janeiro, há relatos da ação dele em Águas Claras, no Sudoeste e nas asas Sul e Norte.
Gabriel induz porteiros e seguranças de prédios comerciais e residenciais ao erro, fingindo que conhece alguém do edifício ou que a mãe trabalha no local. Assim, consegue entrar e transitar pelos residenciais. Uma vez lá dentro, convence moradores e funcionários a ajudá-lo com pequenas quantias, dando as mais diversas justificativas. De acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil, Gabriel tem 77 passagens pela polícia como adolescente, todas por estelionato. Depois de completar 18 anos, são 10 termos circunstanciados por delitos de menor potencial ofensivo e sete inquéritos policiais por estelionato. Ele foi preso pela última vez em 21 de janeiro e solto no dia seguinte.
O porteiro de um bloco na Quadra 101 do Sudoeste afirma ter sido abordado por Gabriel duas vezes nas últimas semanas. ;Ele chegou falando que queria conversar com uma moradora do quarto andar. Falou um nome, não lembro qual. Mas eu disse que não havia ninguém com aquele nome no prédio. Acho que ele vai ;jogando verde; até acertar e entrar;, conta Roberto Crispim, 34 anos.
Minutos depois, o funcionário teve uma surpresa. ;Chegou um taxista e o descreveu. O rapaz tinha falado que pegaria o dinheiro no prédio para pagá-lo e sumiu.; Alguns dias depois, Gabriel retornou. ;Desta vez, perguntou pelo síndico. Questionei se sabia o nome dele e ele falou um nome de homem. Mas aqui é uma síndica. Pouco depois, apareceu outro taxista que caiu no golpe;, lembrou. As constantes abordagens do estelionatário na região deixam moradores e funcionários apreensivos. Valquíria Costa, 25 anos, trabalha como babá em um apartamento no Sudoeste e fica sozinha com a criança durante parte do dia. ;Meu patrão me chamou para conversar. Agora, todas as portas do apartamento ficam fechadas e não autorizo a entrada de ninguém. Aqui no prédio só se fala disso, está todo mundo com medo;, contou.