postado em 11/02/2014 06:00
Depois de um 2013 difícil, quando donos de restaurantes e chefs da cidade foram às ruas protestar contra as dificuldades enfrentadas para manter os negócios, os empresários do setor tentam começar o ano com ações que garantam bons resultados no final do mês. Muitos chegaram à conclusão de que as promoções em datas comemorativas tradicionais do calendário brasileiro, mesmo a mais comercial delas como o Dia dos Namorados, não bastam para garantir um bom faturamento anual. E decidiram apostar em diferentes maneiras para atrair clientela. Assim, em alguns estabelecimentos de Brasília, os casais serão convidados a comemorar uma data que costuma passar batida por aqui: o Valentine;s Day, comemorado na sexta-feira.
Em todo o Hemisfério Norte, os apaixonados trocam cartões, presenteiam-se e saem para jantar em 14 de fevereiro. No Brasil, a data acabou transferida para 12 de junho por causa do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro (leia Para saber mais). Mas os empresários apostam na presença de estrangeiros na capital do país, funcionários de embaixadas, em sua maioria, para lucrar com a data ainda desconhecida dos brasilienses. ;Sabemos que não é da cultura brasileira, mas pensamos em atender estrangeiros que moram aqui e não tinham onde comemorar;, conta o empresário Eduardo Teixeira de Macedo, dono de um restaurante italiano na 402 Sul. Quem for a casa na sexta-feira, encontrará um ambiente com luz de velas, música ao vivo no violino e será convidado a provar dois menus de R$ 109 e R$ 129.
Chef e proprietário de um restaurante na 215 Sul, Diego Koppe, aproveita, desde 2011, o clima romântico da casa para atrair casais que desejam comemorar o Valentine;s Day. Na data, ele lança um menu especial que fica no cardápio durante todo o ano. O de carne custa R$ 110 por pessoa e o de frutos do mar, R$ 120. Para ele, ter mais uma data comemorativa no calendário é uma estratégia de diluir o movimento ; hoje concentrado na sexta e no sábado ; para outros dias da semana. ;Não podemos ter apenas um dia de grande movimento, como acontece hoje com o Dia dos Namorados.
Precisamos investir para, um dia, o Valentine;s Day ser tão importante quanto o Dia das Mães ou o Dia dos Pais;, afirma. Para o presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio), Adelmir Santana, a data pode demorar a pegar, mas a iniciativa é acertada. ;Copiar eventos de outros países é uma tendência da globalização. O comércio vive de datas comemorativas e outros setores vão acabar adotando a mesma estratégia, além dos restaurantes;, afirma. Adelmir lembra que não é a primeira vez que uma iniciativa estrangeira é importada para o Brasil e ressalta que nem sempre a ação garante o sucesso. Ele cita o Black Friday, quando as lojas norte-americanas abrem com superdescontos todos os anos logo após o Thanksgiving (Dia de Ação de Graças). No Brasil, a data existe desde 2010, mas as edições brasileiras ficaram marcadas por denúncias de maquiagem de preços e atraso na entrega dos produtos, chegando a ser chamada de ;Black Fraude;. ;De fato é preciso haver vantagens para o consumidor;, ressalta.