Cidades

Falta dólar em Brasília: casas de câmbio despreparadas para demanda

As 15 casas especializadas espalhadas pelo Distrito Federal estão com dificuldades de vender dólares imediatamente para os clientes. Especialista diz que lojas não estavam preparadas para demanda. Presidente de associação afirma que problema deve persistir

postado em 13/02/2014 06:02
A contadora Leandra fez o pedido de dólares em uma quarta-feira e só conseguiu a quantia que queria na sexta
Quem precisa comprar dólar no Distrito Federal enfrenta dificuldades para conseguir a moeda americana em espécie. Desde a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em dezembro último, a procura pelo papel-moeda aumentou em todo o país. A taxa pulou de 0,38% para 6,38%, provocando uma queda na demanda por operações no exterior com cartões pré-pagos em aproximadamente dois terços em 2014, como estima a Associação Brasileira de Corretoras de Câmbio (Abracam). Tal fenômeno teve reflexo em várias regiões do Brasil, quando casas de câmbio registraram falta de dólares em espécie. No DF, a situação não é diferente. Pessoas ouvidas pelo Correio relatam dificuldade em comprar grandes quantias e também demora nas negociações. O DF conta com 15 estabelecimento dessa natureza, segundo a Abracam.

Com viagem marcada para Orlando, nos Estados Unidos, em 3 de março, a contadora Leandra Godinho Morais, 37 anos, tentou realizar a compra em um banco em meados de janeiro, mas teve a solicitação negada. Segundo ela, o banco teria informado que não conseguiria repassar a quantia em espécie em tempo hábil. ;Procurei logo uma casa de câmbio, mas ela também não dispunha do valor que eu precisava naquele dia. Fiz o pedido em uma quarta-feira, mas só consegui pegar o valor na sexta-feira;, comentou. Acostumada a viajar para o exterior fazendo uso do cartão, a contadora mudou de tática com o aumento do IOF. ;Optei por usar dinheiro físico porque, assim, não sairia perdendo. Hoje (ontem), tentei conseguir mais dólares em uma casa de câmbio, mas foi a mesma complicação. Demoraria;, argumentou. Ela vai viajar com um grupo de 19 pessoas e mesmo as que procuraram doleiros testemunham dificuldades em conseguir valores altos.

Para Flávio Basílio, doutor em economia pela Universidade de Brasília e ex-professor da mesma instituição, o problema não é a falta da divisa. ;Temos uma reserva internacional forte. Os bancos oficiais têm dólar. Agora, a demanda nas casas de câmbio por moeda física cresceu devido ao diferencial de imposto de 6% na comparação com o cartão pré-pago ou mesmo cartão de crédito. Ocorre que essas instituições não estavam preparadas para essa elevação sazonal;, justificou. Basílio acredita que a situação no DF seja temporária e se deu em função da mudança na conjuntura do país. ;Não dá para comparar com o caso que ocorreu na Argentina. Aquele foi um problema de divisas. Aqui, é algo pontual e deve se normalizar em algum tempo;, previu.

O presidente da Associação Brasileira de Corretoras de Câmbio (Abracam), Túlio Ferreira dos Santos, tem opinião diferente. Ele assume o desabastecimento dos estabelecimentos e acredita que o panorama deva persistir. ;Como houve um aumento repentino da procura, ocorreu esse problema de moeda em algumas casas, principalmente as localizadas em lugares mais afastados do Rio de Janeiro e de São Paulo;, explicou. Ele mencionou ainda a falta de uma logística de transporte eficiente. ;Não é permitido o trânsito da moeda em voos comerciais e a oferta dos cargueiros não é muito boa. Se a demanda é muito grande, você acaba enviando mais remessas e isso compromete, de certa forma, a segurança;, explicou.

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