Funcionários da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) bloquearam todas as faixas das vias principal e marginal da Estrada Parque Tagautinga-Guará (EPTG), sentido Plano Piloto, nesta manhã de quarta-feira (19/2). Por conta do ato, a rodovia chegou a ter congestionamento de 8 km até ser liberada, por volta de 12h. Durante o bloqueio, contudo, alguns motoristas, irritados, desceram dos carros para conversar com os manifestantes e acabaram iniciando uma discussão. Houve tumulto e agressão física entre os envolvidos.
[SAIBAMAIS]As cerca de 50 pessoas reunidas na rodovia faziam um ato em solidariedade ao colega morto Luciano Almeida da Silva, 36 anos, e aos operários feridos durante obra de manutenção em adutora que vazou no último dia 6 de fevereiro. Para o protesto, os funcionários usaram faixas e cartazes com dizeres "Por uma Caesb pública de verdade". Um carro de som ajudou a bloquear a via, na altura da sede da Caesb.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação de Água e em Serviços de Esgotos do Distrito Federal (Sindágua-DF), Jefferson Lima, além de um ato contra a morte do colega morto na adutora, a ação é uma forma dos funcionários cobrarem atitudes da Caesb e da empresa Geo Brasília, em prol dos acidentados.
Os manifestantes também exigem a retirada dos trabalhadores terceirizados e a convocação dos aprovados no último concurso público. Além disso, os funcionários reclamam que as empresas que prestam serviço à Caesb não tem pagado os salários dos terceirizados.
A Caesb informou que não se pronunciará sobre o protesto, pois a ação é do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação de Água e em Serviços de Esgotos do Distrito Federal (Sindágua-DF).
Tragédia na manutenção
No último 6 de fevereiro, funcionários da Caesb faziam trabalhos de reparação dentro de uma adultora que havia rompido no dia anterior, na EPTG, quando um novo estouro do cano, deixou um trabalhador morto e quatro feridos. O incidente ocorreu próximo ao viaduto que dá acesso ao Jóquei.
Veja o vídeo do momento em que a adutora estoura pela segunda vez
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O trabalhador que não resistiu, Luciano Almeida da Silva, 36 anos, ficou pelo menos 15 minutos submerso. Os bombeiros se preparavam para mergulhar em busca do homem, quando o corpo dele emergiu. Luciano chegou a ser levado para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), de helicóptero, mas morreu na unidade de saúde, após uma parada cardiorrespiratória.
Na ocasião, o presidente da Caesb, Oto Silvério Guimarães Júnior, não admitiu erros nos procedimentos dos operários, que trabalhavam havia quase 27 horas seguidas. ;Tomamos todos os cuidados que se dizem necessários. Infelizmente, não foram suficientes. Agora, teremos de redobrar a atenção ao religar. Nesse momento, a nossa prioridade é dar assistência à família do companheiro que morreu;, afirmou.
As falhas
; Os funcionários trabalhavam na escora do encanamento quando a água foi liberada na adutora.
; Os técnicos responsáveis pela liberação da água não se certificaram ou não consideraram a hipótese de encher a tubulação com os funcionários dentro da caixa.
; Não havia no local um técnico de segurança do trabalho para acompanhar os reparos e alertar sobre as possíveis falhas de procedimento no serviço dos funcionários.
; Segundo a empresa terceirizada responsável pelo reparo, a Geobrasil, os operários trabalharam durante toda a madrugada e não foram rendidos pela manhã. O cansaço poderia induzi-los a erros no conserto e nos procedimentos de segurança.
; De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Caesb (Sindágua-DF), os funcionários eram terceirizados, com pouco tempo de serviço na Caesb e inexperientes para o tipo de trabalho delegado.